'Vendi a privacidade dos usuários', diz cofundador do WhatsApp
Criador do popular aplicativo de mensagens, Brian Acton, explica a venda para o Facebook e o motivo de ter pedido demissão no ano passado
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
O cofundador do WhatsApp Brian Acton falou em uma entrevista à Forbes sobre a venda do aplicativo o Facebook e sobre sua relação com Mark Zuckerberg.
O popular aplicativo de troca de mensagens foi vendido ao Facebook por US$ 22 bilhões, em 2014.
A venda do aplicativo ainda é um assunto delicado para Acton. "Eu vendi a privacidade dos usuários para um benefício maior. Eu fiz uma escolha e um compromisso. Eu vivo com isso todos os dias", afirma.
Em 2017, ele decidiu sair da rede social de Zuckerberg e perdeu milhões de dólares. Abandonar o cargo que ocupava lhe custou US$ 850 milhões em ações da empresa.
Um dos motivos que o fez sair do Facebook foi a pressão para que o aplicativo de mensagem fosse monetizado. A criptografia de ponta a ponta, que era uma exigência de Acton para codificar as mensagens, seria também uma barreira para os planos de vender anúncios.
"Era como um 'ok, vocês querem fazer essas coisas que eu não quero fazer'. Então era melhor eu sair do caminho. E eu saí", disse o cofundador do WhatsApp
Acton demonstrou não guardar magoas de sua saída por divergências na maneira administrar. Sobre os executivos do Facebook afirmou "eles não eram pessoas más. Eram apenas homens de negócio."
O fundador do WhatsApp disse também que nunca foi próximo de Zuckerberg e que o WhatsApp era tratado apenas como "mais um produto da empresa, assim como Instagram".
#DeleteFacebook
Brian Acton foi um dos nomes do Vale do Silício que apoio o movimento #DeleteFacebook, que ganhou força com escândalo envolvendo vazamento de dados de 87 milhões de perfis das redes sociais pela consultoria Cambridge Analytica, em março deste ano.
Assim que o assunto ganhou grande repercussão, Acton fez uma postagem em sua página no Twitter apoiando que os usuários fechassem suas contas no Facebook.
Outro app de mensagens
Após a saída do Facebook, Acton decidiu investir US$ 50 milhões no aplicativo Signal, que também é um trocador de mensagens. Na nova empreitada, ele busca aplicar as mesmas ideias que deram origem ao WhatsApp: mensagens e chamadas gratuitas, com criptografia de ponta a ponta e sem obrigações para plataformas de anúncios.
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