Nunca aceitei dinheiro, garante ex-auditor do TCU
PF diz que ele recebeu R$ 100 mil e depois se arrependeu
Brasil|Do R7
Delator do esquema de venda de pareceres e laudos técnicos que levou à operação Porto Seguro da PF (Polícia Federal), o ex-auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) Cyonil da Cunha Borges de Farias Júnior veio a público no último domingo (25) para negar que tenha aceitado inicialmente R$ 100 mil em propina e depois se arrependido, como divulgado pela PF.
"Fico triste pelo tratamento dado pela mídia e órgãos de fiscalização, afinal não aceitei, logo não teria como me arrepender. Nunca aceitei qualquer R$", escreveu Cyonil em um fórum de debates na internet.
A autenticidade do relato foi confirmada pelo próprio ao jornal O Estado de S. Paulo.
Cyonil relata que o suposto corruptor (Paulo Vieira, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas) o "caçou" pela cidade, escreveu "milhões de e-mails" e foi até a portaria do seu prédio para oferecer dinheiro.
Leia mais notícias de Brasil no Portal R7
Nunca aceitei dinheiro, garante ex-auditor do TCU
E-mail mostra proximidade de Rose com Lula
Dilma extingue chefia de gabinete da Presidência em SP
O ex-auditor afirma que não desceu até a portaria do edifício para recebê-lo mas, mesmo assim, Vieira deixou um envelope com R$ 100 mil com o porteiro.
"Fiquei atordoado quando vi o pacote, não sabia o que fazer com ele. Decidi guardá-lo em casa e preparar provas para denunciar tudo à PF", disse.
Autor de livros sobre direito administrativo e professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos, Cyonil fez o desabafo no Fórum Concurseiros, em um tópico de debate aberto por seus ex-alunos.
Os estudantes queriam saber o motivo de o professor — tido por muitos como exemplo de ética e retidão — ter seu nome envolvido no escândalo que derrubou a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e o número 2 da Advocacia-Geral da União, José Weber de Holanda Alves.
Segundo seu relato, Vieira se beneficiou da proximidade pessoal para tentar corrompê-lo.
Cyonil relata que começou a reunir provas da tentativa de suborno para se precaver e apresentar uma denúncia consistente à PF.
"Juntei tudo, até meus extratos bancários, algumas gravações que fiz."
Ele afirma que detém muitos outros detalhes do processo ainda não revelados, mas não os divulgará até o fim do inquérito.
"Há milhões de outras informações. Foram três anos de e-mails guardados. Que bandido guarda os e-mails na caixa de entrada e saída? Acho que só eu, né?", provoca.
Ele diz que "a galera do lado de lá" fará tudo para desmerecer a sua imagem, mas afirma que nunca titubeou em seguir em frente com a denúncia e hoje se diz aliviado.
"Muitos vão acreditar em mim. Muitos vão me apedrejar. Não me arrependo de ter denunciado o esquema", afirma.
Delator de esquema cita Dirceu e ministro do TCU