Com média de quase dez ataques por dia, SC descarta presença da Força Nacional de Segurança
Secretário de Segurança Pública diz que neste primeiro momento não há necessidade
Cidades|Do R7
Apesar de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ter oferecido ajuda da Força Nacional de Segurança a Santa Catarina, o secretário de Segurança Pública do Estado, César Augusto Grubba, disse, nesta quinta-feira (7), que não vai precisar do apoio federal para combater a onda de violência. Já foram registrados 74 atentados, em 24 cidades desde o dia 30 de janeiro, uma média de quase dez por dia. Grubba afirmou que não há motivos neste momento para aceitar a oferta.
— Não é má vontade do governo do Estado em aceitar qualquer tipo de ajuda, mas neste momento não há necessidade. Temos controle da situação e a tendência é que essas ações recuem nos próximos dias.
O comandante da PM, coronel Nazareno Marcineiro, minimizou a importância da Força Nacional de Segurança no combate ao crime em Santa Catarina. Segundo ele, o efetivo seria pouco e teria de ser dividido entre as cidades, o que resultaria em cerca de 25 policiais e três viaturas por município. Porém, por falta de viaturas para escoltar os ônibus, a prefeitura da capital, Florianópolis, alugou, nesta quinta-feira, 20 carros para emprestar à Polícia Militar. Além disso, os 300 homens da Guarda Civil ajudam no trabalho de patrulhamento.
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Nazareno disse acreditar que agentes federais no Estado poderiam desmotivar os policiais militares.
— Quando o trabalho diário deles - que sempre colocou Santa Catarina no topo dos indicadores de segurança do país - é desacreditado ao se chamar ajuda externa, o empenho e engajamento, que faz a diferença neste combate, cai muito.
Onda de ataques
Santa Catarina vive a segunda onda de violência dos últimos meses. A primeira foi em novembro do ano passado. Os novos ataques começaram no dia 30 de janeiro. O Estado voltou a registrar ônibus, viaturas das polícias Militar e Civil, e veículos particulares incendiados. Bases da PM e delegacias também foram atacadas com tiros ou coquetéis molotovs.
O número de cidades em Santa Catarina que registraram ataques supostamente feitos por uma facção que atua no Estado já supera o verificado em 2012, ano em que a série de atentados começou. Em oito dias, foram registrados mais de 70 casos, a maioria deles ônibus incendiados.
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As ocorrências foram registradas em 23 municípios: Florianópolis, Blumenau, Criciúma, Itajaí, Navegantes, Palhoça, Camboriú, São Francisco do Sul, Tubarão, Laguna, Araquari, Indaial, Brusque, Joinville, Gaspar, São José, Ilhota, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Maracajá, Chapecó, Bom Retiro e Garuva.
O motivo teria relação com maus-tratos a detentos, assim como aconteceu em novembro. Um vídeo gravado em um presídio de Joinville mostrou presos sendo torturados por agentes penitenciários. O policiamento foi reforçado em todas as regiões.
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Prisões
Segundo dados divulgados pela Polícia Militar na quinta-feira, 22 pessoas envolvidas nos atentados foram presas pela corporação, oito adolescentes foram apreendidos e um suspeito morreu em confronto.
A Polícia Civil prendeu dois envolvidos no incêndio de um ônibus em Blumenau, no fim da tarde de quarta-feira. Francisco de Assis Pedrini da Mata, de 25 anos, e Eduardo de Oliveira, de 21 anos, foram detidos poucas horas após o atentado.
Em Joinville, três suspeitos de envolvimento em ataques no norte do Estado foram presos em uma ação conjunta do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), e das polícias Civil e Militar. Cerca de 20 mandados de prisão, e de busca e apreensão foram cumpridos. Outras quatro pessoas foram presas em flagrante por outros crimes, como tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e munição.
Também foi preso pela Polícia Civil Rafael Alan Millnitz, de 18 anos, em Criciúma, no sul do Estado. Ele e um adolescente de 15 anos, que foi apreendido, são suspeitos de envolvimento a um ataque a ônibus na cidade, no dia 1º.
Na segunda-feira (4), outro homem foi preso e um adolescente apreendido. Segundo a polícia de Criciúma, eles jogaram um coquetel molotov na residência de um casal de policiais civis, na noite de sábado (2).