Delegado quer prorrogação da prisão temporária de sócios da boate Kiss e integrantes da banda
Marcelo Aragony defende detenção como importante para não prejudicar investigação
Cidades|Paulo Robertos Tavares, especial para o R7 em Santa Maria
O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, pretende entrar com pedido de prorrogação da prisão temporária dos quatro suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss, ocorrido no último domingo (27), em Santa Maria (RS). Segundo o delegado, há ainda a necessidade da permanência do quarteto detido para que as investigações não sejam prejudicadas.
Na tarde desta quinta-feira (31), Arigony mostrou um pedaço da espuma que revestia o teto, em cima do palco. O delegado disse que nesta parte houve queima total, mas na parte do pub, onde não havia este revestimento, existe apenas fuligem.
— Esta espuma é que causou as mortes, pois queima rápido e libera gás cianídrico. Ela foi colocada para melhorar a acústica, mas um elemento chamado retardante, que impedira a queima, parece não ter sido aplicado.
O delegado recebeu uma série de documentos da prefeitura local e do Corpo de Bombeiros, que ainda estão sendo analisados.
— Ainda não conseguimos identificar o plano de prevenção a incêndios, mas já lemos documentos onde aparecem o layout da casa e a colocação de sinalização de emergência. Mas ainda temos muitos documentos para analisar.
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Segundo Arigony, se a espuma não tivesse sido colocada, talvez o foco de incêndio fosse bem menor e não houvesse tantas mortes. Ainda não foi apurado quando o material foi colocado no teto. Este revestimento, de acordo com o delegado regional, abrangeria aproximadamente um terço da boate.
Também nesta quinta-feira, a polícia ouviu Gilceliane Dias de Freitas, sócia majoritária da empresa Hidramix, que teria prestado serviços à boate. Acompanhada de um advogado, ela levou documentos que comprovam que empresa apenas colocou barras antipânico na porta de saída da casa noturna.
A Hidramix, afirmou, não elabora planos de combate a incêndio. O marido de Gilceliane, o sargento do Corpo de Bombeiros da ativa, Roberto Flávio da Silveira Souza, também será chamado da depor nesta sexta-feira. Pelo fato de o sargento ser da ativa, o comando-geral da Brigada Militar em Porto Alegre abriu um Inquérito Policial Militar (IPM).
Segundo o que policiais apuraram com os bombeiros, o sargento não trabalha na área de fiscalização de casas noturnas, mas sim na parte de resgate e salvamento.
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