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Médica acusada de mortes em UTI se apresenta ao tribunal em Curitiba

Juiz determinou que ela compareça à corte todos os meses

Cidades|

Virgínia Helena deixou a cadeia há uma semana
Virgínia Helena deixou a cadeia há uma semana Virgínia Helena deixou a cadeia há uma semana (ANDRÉ RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO)

A médica e ex-chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Virgínia Soares de Souza, de 56 anos, apresentou-se nesta quarta-feira (27) ao Cartório Judicial da 2ª Vara do Tribunal de Júri da capital do Paraná para cumprir uma obrigação de comparecimento mensal que lhe foi imposta pelo juiz Daniel Surdi de Avelar, responsável pela liberação dela há uma semana, depois de ter sido presa em 19 de fevereiro, sob a acusação de homicídio qualificado e formação de quadrilha.

O MP (Ministério Público) paranaense, porém, entrou com recurso para que Virgínia — acusada, com mais sete pessoas, de matar pacientes na UTI — volte para a prisão. De acordo com o advogado da médica, Elias Mattar Assad, a apresentação foi realizada nesta quarta-feira por precaução.

— Esta apresentação referente ao mês de março foi feita nesta quarta-feira por cautela da defesa, pois, após as 18h, inicia-se o recesso judiciário de feriado de Páscoa. Feita a apresentação e extraída a certidão, encerrou-se a cerimônia judicial.

O MP também pediu ao Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde a instauração de um inquérito para investigar os ex-diretores do Hospital Evangélico. A entidade alegou não ter sido comunicada oficialmente e não se pronunciou a respeito do novo processo.

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Além das sete mortes que originaram o indiciamento de Virgínia e mais sete pessoas, a médica é suspeita de ter provocado a morte de mais 21 pessoas, cujos prontuários estão sendo analisados. Na terça-feira (26), o presidente da Amib (Associação de Medicina Intensiva), José Mario Telles, disse, por meio de nota, que a situação deveria ter "uma avaliação ou declaração de um especialista em medicina intensiva independente, solicitada pelo juiz, pela promotora ou pela auditoria do Ministério da Saúde, que tivesse uma visão completa dos casos", concluiu.

Entenda o caso

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As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital à ouvidoria do governo do Paraná. Virgínia foi indiciada pela polícia por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.

Gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça mostraram conversas da médica com outros médicos e demais funcionários. A polícia entendeu, após ouvi-las, que Virgínia ordenava o desligamento de aparelhos de alguns doentes.

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Virgínia trabalhava na unidade há 24 anos. Ela era casada com o chefe da UTI, Nelson Mozachi, e assumiu o cargo quando ele morreu, em 2006.

Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.

O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) manifestou preocupação com a “condenação pública” dos envolvidos sem que “sejam realmente avaliados e julgados por quem de direito”. Não há qualquer queixa dela no órgão. 

Por meio de carta, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.

Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico.

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