Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Notícias R7 – Brasil, mundo, saúde, política, empregos e mais

Ministério Público do PR entra com recurso contra libertação de médica acusada de mortes em UTI

Defesa de Virgínia Helena diz ação será ineficaz 

Cidades|Do R7, com Estadão Conteúdo

Ex-chefe da UTI ficou presa por 29 dias e foi solta na última quarta-feira (20), após a Justiça aceitar o pedido de revogação da prisão dela
Ex-chefe da UTI ficou presa por 29 dias e foi solta na última quarta-feira (20), após a Justiça aceitar o pedido de revogação da prisão dela ANDRÉ RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO

O MP-PR (Ministério Público do Paraná) entrou nesta segunda-feira (25) com um recurso contra a decisão da Justiça de revogar a prisão da ex-chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Virgínia Helena Soares de Souza. A médica, acusada por sete mortes ocorridas no setor, foi solta na última quarta-feira (20). O pedido não tem prazo para ser analisado pelo juiz.

A promotoria alega que a médica Virgínia é acusada de comandar uma quadrilha na UTI e também de coagir testemunhas e, nesse caso, deveria ser mantida presa. Segundo o promotor Paulo Lima, a medida foi tomada pelas circunstâncias do processo.

— A médica Virgínia tem uma certa influência e as pessoas se sentem constrangidas, além do que se acusa que havia uma quadrilha na UTI, em ações que não se explicam pelos prontuários. 

Outros três médicos e uma enfermeira que faziam parte da equipe chefiada por Virgínia já haviam sido libertados no dia 15 deste mês. Para o advogado que defende a ex-chefe da UTI, a tentativa do MP-PR é ineficaz, uma vez que teria de ser pedida novamente a prisão de todos os outros envolvidos. Ele contestou a ação. 


— Ela está em casa, reclusa, e a meu pedido não tem saído para nada, nem para ir ao supermercado. Ela não fala com outras pessoas que não sejam familiares. Além disso, estão fazendo um cálculo de perigo abstrato. Quem está sendo ameaçado, constrangido, que testemunha é essa?

Virgínia é acusada de ser a mandante das mortes de pacientes internados no setor. Outras sete pessoas também respondem pelos crimes. A Polícia Civil e a promotoria dizem que ela ordenava os subordinados a dar medicações e diminuir os aparelhos de respiração dos doentes. Os médicos Anderson de Freitas, Edson Anselmo da Silva e Maria Israela Bocato, além da enfermeira Laís da Rosa Groff são acusados de dois homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha. A denúncia também atinge a enfermeira Patrícia Cristina de Gouveia Ribeiro — acusada por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha —, a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes — acusados de formação de quadrilha. Eles não foram presos.


Leia mais notícias de Cidades

Em liberdade, médica acusada de mortes em UTI ainda não sabe onde vai trabalhar 


Entenda o caso

As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital à ouvidoria do governo do Paraná. Virgínia foi indiciada pela polícia por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.

Gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça mostraram conversas da médica com outros médicos e demais funcionários. A polícia entendeu, após ouvi-las, que Virgínia ordenava o desligamento de aparelhos de alguns doentes.

Virgínia trabalhava na unidade há 24 anos. Ela era casada com o chefe da UTI, Nelson Mozachi, e assumiu o cargo quando ele morreu, em 2006.

Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.

O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) manifestou preocupação com a “condenação pública” dos envolvidos sem que “sejam realmente avaliados e julgados por quem de direito”. Não há qualquer queixa dela no órgão. 

Por meio de carta, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.

Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.