MP aceita pedido de prorrogação de prisão de envolvidos em tragédia de Santa Maria; decisão definitiva sai hoje
De acordo com o MP, há indícios de que o crime tenha sido doloso
Cidades|Do R7
O MP (Mnistério Público) do Rio Grande do Sul aceitou o pedido de prorrogação de prisão dos dois donos da boate Kiss e dos dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, envolvidos na tragédia de Santa Maria que deixou ao menos 236 mortos. Os empresários, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, e os músicos, Marcelo dos Santos e Luciano Leão, tiveram a prisão decretada na segunda-feira (28). Nesta sexta-feira (1º), a prisão temporária de cinco dias vence. No entanto, apesar de parecer favorável do MP, a saída ou a permanência deles na cadeia ainda depende de uma decisão judicial, que deve sair ainda nesta sexta.
Em nota, o MP informou que a prorrogação é necessária "para obtenção de demais provas, como a realização de reconstituição, reinquirição dos investigados". Em conversa com o R7, o promotor Joel Dutra informou que há indícios de que o crime tenha sido doloso (quando há intenção de matar).
— Nesses 5 dias surgiram novos elementos que indicam uma possibilidade de crime doloso. Indícios como a reforma na boate, a colocação da espuma à revelia de inspeção. Além disso, algumas pessoas forneceram imagens que foram postadas em redes sociais que mostram espetáculos e cenas com uso de fogo no interior da boate.
Veja a cobertura completa da tragédia em Santa Maria
Delegado quer prorrogação da prisão temporária de sócios da boate Kiss e integrantes da banda
A decição judicial sobre a prorrogação da prisão dos quatro envolvidos deve ser divulgada na tarde desta sexta-feira.
Incêndio
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, aconteceu na madrugada de domingo (27) e deixou 231 mortos e mais de cem feridos. O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos.
A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. Cerca de mil pessoas ocupariam o local. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização dos bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012.
Ao entrar na boate Kiss, para socorrer as vítimas do incêndio, os integrantes da corporação se depararam com uma barreira de corpos.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação.
— Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando.
Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos.
Prisões
Um dos donos da boate Kiss e dois músicos da banda foram detidos. Os pedidos de prisão, de caráter temporário de cinco dias, foram decretados pelo juiz Regis Adil Bertolin.
Na tarde de segunda-feira, outro sócio da casa noturna se entregou à polícia. Ele se apresentou no 1º DP (Distrito Policial) de Santa Maria e não falou com a imprensa.