Pivô de briga entre PC Farias e Suzana diz que ele ia terminar namoro para ficar com ela
Empresária Claudia Dantes disse que teve três encontros e o conheceu em festa
Cidades|Do R7, com Rede Record
Apontada como pivô de uma briga entre PC Farias e Suzana Marcolino, a empresária Claudia Dantas prestou depoimento nesta terça-feira (7) no julgamento dos quatro ex-policiais militares acusados de coautoria no duplo homicídio do empresário e sua namorada. Ela afirmou que conheceu PC Farias em uma festa e teve três encontros com ele.
Claudia disse ainda que o empresário prometeu terminar o relacionamento com Suzana para ficar com ela. A conversa teria ocorrido por telefone um dia antes do fim de semana em que os dois foram mortos. Assim como a maioria das testemunhas, ela também disse acreditar que o crime foi passional, mas que teve pouco contato com PC Farias para afirmar.
Augusto Cesar Farias, irmão de PC Farias, foi ouvido antes de Cláudia e disse que recebeu proposta de dois delegados que presidiram o inquérito na época do crime para entregar os policiais como culpados.
Ele disse que em troca não seria indiciado como sendo um dos possíveis mandantes dos homicídios. Ele citou o nome dos delegados Alcides Andrade e Antônio Carlos Lessa e disse acreditar que Suzana matou o empresário e depois cometeu suicídio. Augusto contou que o irmão teria contratado detetives para seguir Suzana e descobriu que estava sendo traído.
— Você entrega os seguranças e nós não pediremos o indiciamento de vossa excelência.
Augusto chegou a ser indiciado como suspeito e suposto mandante do crime, mas, por falta de provas, acabou não sendo acusado pelo duplo homicídio. Ele afirmou durante o depoimento que isso foi feito por pressão da imprensa e rebateu que tivesse inveja do irmão, como apontou Milane Valente, sua ex namorada, que também foi ouvida no julgamento.
O juiz Maurício Breda é o responsável pelo caso. Marcos Louzinho é o promotor e José Fragoso Cavalcanti, advogado de defesa dos acusados. Cinco homens e duas mulheres compõem o júri.
Estão no banco dos réus os ex-militares que atuavam como seguranças do empresário: Adeildo dos Santos, Josemar dos Santos, José Geraldo da Silva e Reinaldo Correia de Lima Filho.
Primeiro dia
Primeiro a depor, na segunda-feira (6), o ajudante de serviços gerais Leonino Tenório de Carvalho, responsável pela limpeza do quarto onde eles foram mortos, confirmou que, além de limpar o local após a perícia da polícia, ateou fogo no colchão da cama em que foram encontrados mortos PC Farias e sua namorada.
— A ideia foi minha, porque pensei que não iria "incomodar mais". "Todo bagulho" que não tem mais utilidade a gente joga fora.
Pressionado, porém, Tenório disse que queimou o colchão a mando de outro funcionário — chamado Flávio —, e que recebeu ordens do chefe para fazer uma “limpeza” na casa.
A segunda testemunha foi o garçom da casa, Genival da Silva França. Ele disse que Suzana teria tentado se matar afogada, dois dias antes da morte, após uma briga do casal. A afirmação é forte para a defesa dos réus, que sustenta a versão de que a namorada matou PC Farias e se suicidou em seguida. Para o promotor Marcos Mousinho, os laudos da perícia não comprovam essa versão.
Questionado pela promotoria porque só falou isso agora, 17 anos após o crime, o garçom disse que não se lembrava.
— Porque tem coisa que a gente esquece, doutor.
Denúncia
O Ministério Público ofereceu denúncia aos quatro réus, porém nenhum deles foi apontado exatamente como o assassino, por isso respondem por coautoria do crime. Mesmo ao longo desses 17 anos, ninguém foi acusado como mandante dos assassinatos que nunca foi realmente esclarecido.
No entanto, o promotor de Justiça Marcos Mousinho quer que os quatro sejam condenados pelo crime de homicídio, e não de coautoria. O promotor disse acreditar que eles não cumpriram com sua função — zelar pela vida das vítimas — porque sabiam que o crime seria cometido.
Na época em que foi morto, PC estava em liberdade condicional. Ele respondia por crimes como sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte do tesoureiro foi investigada como queima de arquivo, pois ele poderia fazer revelações sobre a participação de outras pessoas nos esquemas.