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Polícia apreende mais de mil prontuários no Hospital Evangélico, segundo advogado de médica suspeita de eutanásia

Defensor afirmou que documentos foram levados no último sábado (2)

Cidades|Do R7, com Estadão Conteúdo

Virgínia aguarda o julgamento de um habeas corpus
Virgínia aguarda o julgamento de um habeas corpus

O advogado Elias Mattar Assad, que defende a médica Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, disse nesta segunda-feira (4), em entrevista ao R7, que policiais civis apreenderam, no último sábado (2), mais de mil prontuários médicos no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. Virgínia era chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) geral do hospital e está presa desde o dia 19 de fevereiro por suspeita homicídio qualificado. Ela teria praticado eutanásia — antecipação da morte de pacientes com o uso de procedimentos médicos, o que é proibido pela lei brasileira. Três anestesistas e uma enfermeira também estão na cadeia, suspeitos de envolvimento nas mortes.

Assad ainda acrescentou que registros de pessoas que passaram pelo hospital desde 2006 foram apreendidos. Um caminhão chegou a ser usado para levar os papéis, de acordo com ele. A polícia diz que a médica teria antecipado as mortes a partir do mesmo ano, quando passou a coordenar o setor. Procurada, a assessoria de imprensa do Evangélico confirmou que a polícia fez apreensões de prontuários no fim de semana, mas não confirmou o número. Ninguém da Polícia Civil do Paraná foi localizado para comentar a apreensão.

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Fim do inquérito

A delegada Paula Brisola, responsável pela investigação, deveria ter concluído o inquérito nesta segunda-feira, mas até as 22h30, não havia confirmação se os documentos tinham sido encaminhados ao MP-PR (Ministério Público do Paraná). Quem deverá analisar o caso é a promotora Fernanda Nagl Garcez, do (Caop) Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Saúde Pública. Ela não quis comentar o caso.


Segundo Assad, o MP-PR poderá tomar três decisões: formular e oferecer denúncia contra a médica em até cinco dias, devolver o inquérito para a Polícia Civil e pedir novas investigações, ou arquivar o caso. Nos dois últimos casos, os suspeitos são soltos. 

A defesa de Virgínia diz que não há provas que liguem as mortes com qualquer ato provocado pela médica. A polícia afirma, com base em depoimentos e gravações telefônicas, que ela ordenava o desligamento dos aparelhos dos pacientes para liberar leitos na UTI.


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Entenda o caso

A chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (PR), um dos mais importantes do Paraná, foi presa no dia 19 de fevereiro por policiais do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde. Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, é suspeita de ter praticado eutanásia — antecipar a morte de pacientes internados na unidade.

As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital, que é considerado um dos mais importantes da cidade. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.

Virgínia chefiava, desde 2006, a UTI geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O setor fica no quarto andar do prédio, local onde a vigilância sanitária encontrou, em 2012, cinzeiros com cinzas e também bitucas de cigarro.

Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.

Também por meio de nota, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.

Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico. Ela assumiu o cargo, que era do marido, depois que ele morreu.

No dia 23 de fevereiro, a Justiça expediu quatro mandados de prisão para três médicos e uma enfermeira. Os anestesistas Edson Anselmo da Silva Júnior, Maria Israela Boccato e Anderson de Freitas foram levados à delegacia no mesmo dia. A enfermeira Laís Grossi se apresentou no dia 25 do mesmo mês.

Os médicos presos negam qualquer conduta antiética e foram orientados pelo advogado de Virgínia a ficarem calados. Foi iniciada uma investigação dentro do hospital, inclusive com membros do Ministério da Saúde, para constatar eventuais irregularidades praticadas pela médica ou por outros profissionais.

Nove dias após ser presa, Virgínia Helena foi transferida do Centro de Triagem para o presídio feminino de Piraquara, cidade na região metropolitana de Curitiba. Junto com ela, foi a médica Maria Israela Boccato, também suspeita de envolvimento nas mortes. 

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