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Indústria e comércio esperam final de ano melhor, mas projetam retomada da economia só em 2017

Empresários não esperam recuperar as perdas de 2016 no último trimestre deste ano

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Período entre junho e agosto foi responsável pela taxa de crescimento menos negativa da economia dos últimos 6 trimestres
Período entre junho e agosto foi responsável pela taxa de crescimento menos negativa da economia dos últimos 6 trimestres

A economia brasileira já demonstra seus primeiros sinais de retomada, com a estabilidade da inflação e a queda dos juros básicos. Os indícios de recuperação também já estão presentes no setor produtivo, mas os reflexos efetivos só devem aparecer em 2017, de acordo com associações que representam diversas áreas da indústria e do setor de serviços.

Em sondagem divulgada nesta semana, o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), aponta que os meses entre junho e agosto foram responsáveis pela melhor taxa da economia dos últimos seis trimestres, com retração de 0,35% no período.

O dado oficial das riquezas produzidas no País é divulgado trimestralmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O último, referente ao segundo trimestre de 2016, apontou que o PIB (Produto Interno Bruto), soma de todos os bens e serviços produzidos, encolheu 0,6% sobre os três meses anteriores

CNI reduz para 3,1% a projeção de encolhimento da economia brasileira em 2016


Tradicionalmente conhecido por antecipar as tendências da economia, o setor de embalagens já começa a esboçar uma reação com a ajuda de clientes da área de abastecimento, como alimentos, bebidas, produtos de cuidados pessoas e limpeza. Segundo a diretora-executiva da Abre (Associação Brasileira de Embalagem), Luciana Pellegrino, o setor aposta em uma retomada já neste último trimestre de 2016.

— O que a gente percebe é que vem enfraquecendo esse cenário de desaceleração e a gente já tem uma expectativa de fechar esse último trimestre com resultado positivo de 0,7% em relação ao quarto trimestre de 2015.


As notícias também são boas para quem vende comida e bebida.O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci Júnior, observa que a situação do setor parou de piorar no mês de abril.

Solmucci, no entanto, lamenta que o ritmo dos negócios ainda não acompanhou as expectativas dos empresários que, segundo ele, fecharam 36% dos estabelecimentos durante a crise e devem terminar 2016 ainda no vermelho.


— Nós tínhamos uma expectativa de se recuperar as vendas já neste segundo semestre. Essa esperança está se frustrando. Embora alguns estejam falando em fechar o ano um pouco melhor, a média talvez não seja suficiente para recuperar a queda do primeiro semestre.

O aumento das vendas em algumas áreas do comércio ainda não empolga muito o presidente da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), Eduardo Terra. Na avaliação dele, o consumo ainda resiste um tempo para se recuperar efetivamente em função da situação financeira dos consumidores e do alto índice de desempregados no País.

— Nós estamos falando provavelmente que, neste último trimestre, teremos alguns sinais de retomada para entrar no ano que vem já em um ambiente diferente. [...] Demora um pouco para que a atração venha de novo. Claro que essa época de fim de ano nos ajuda a engatar uma marcha mais forte para andar em um ritmo diferente no ano que vem.

Embora exista uma perspectiva positiva entre os empresários do setor, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) analisa que o segmento vai fechar o ano com queda de 1% na comparação com 2015.

Para o presidente da entidade, Humberto Barbato, as expectativas ainda não se reverteram em negócios e apenas 37% dos empresários do setor acreditam em crescimento ao longo dos últimos três meses do ano, contra 27% que esperam pela estabilidade e 40% que preveem uma nova queda.

— Nós estamos vivendo um momento em que existe um certo otimismo em relação à melhoria das condições de mercado. À medida que a pessoa se sente com menos risco de perder o emprego, ela começa a voltar ao consumo.

2017

As esperanças dos empresários aumentam quando o assunto é o ano de 2017. De acordo com Terra, o comércio tende a crescer 2% no próximo ano e puxar um crescimento efetivo caso as reformas do ambiente econômico sejam confirmadas.

— Eu não acredito que 2017 seja um ano espetacular, mas ele pode criar as condições para que a gente esteja no início de um novo ciclo de crescimento, que a gente espera que dure mais anos para que 2018 e 2019 tenham um crescimento mais forte e sólido.

O presidente da Abrase comemora a previsão de que o ramo de atividade deve crescer 2% após dois anos de queda. Solmucci, no entanto, avalia que o momento ruim do setor deve ainda persistir no início de 2017 em função da movimentação de muitas pessoas que perderam o emprego e abriram o próprio bar ou restaurante.

— Até abril de 2017, a gente acha que as coisas continuam piorando porque, mesmo que a economia pare de cair, o desemprego não reage muito rápido. Enquanto o emprego não começar a reagir, nós não conseguimos melhorias.

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