O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff tem guiado a variação do dólar nos últimos meses. O rápido andamento do pedido de afastamento fez com que o valor comercial da moeda norte-americana em relação ao real despencasse cerca de R$ 0,50 em pouco mais de um mês.
Neste domingo (17), a moeda passará por mais uma prova: a votação do processo na Câmara dos Deputados, o que pode deixar Dilma mais próxima de ser afastada do cargo.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo Silveira, o resultado da votação pode fazer a divisa flutuar entre R$ 3 e R$ 4,20.
— Se você levar em consideração que o novo Banco Central deve ser mais avesso à inflação e o novo ministério da Fazendo mais avesso ao déficit público, provavelmente, ainda que eles intervenham para segurar a taxa de câmbio, você acaba produzindo uma valorização da moeda. Eu estou prevendo que esse câmbio vá cair abaixo de R$ 3. [Caso o impeachment seja barrado], acontece o oposto. Você vai ter um aumento na percepção de risco do País, uma corrida contra o real, o dólar vai subir e pode bater R$ 4,20.
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O head da mesa de operações da Gradual Corretora, Pedro Afonso, afirma que o mercado financeiro já está apreensivo há algum tempo em função do “descrédito do atual governo". Ele ressalta que a indicação dos deputados tende a influenciar significativamente na variação da moeda.
— Caso realmente seja aprovado o processo de impeachment na Câmara, a gente vai ter, com certeza, uma queda um pouco mais acentuada no dólar. Caso não seja aprovado, você vai ter o processo contrário e, provavelmente, o dólar vai subir bastante e a gente talvez tenha algum impacto negativo no andamento da economia como um todo.
Afonso explica que uma possível saída da presidente indica para uma mudança de governo e “impacta diretamente em novas medidas que poderão ser adotadas” para atrair novos investimentos para o País.
— [A queda de Dilma] vai dar um novo rumo para a economia e criar um cenário mais favorável para atrair capital estrangeiro, o que impacta diretamente nessa relação do real com o dólar.
Para Silveira, o reflexo da votação do processo de impeachment será observado logo na abertura do pregão da segunda-feira (18).
— No mercado, ninguém espera o peru para o Natal. Todo mundo já vai comendo antes.
Casas de câmbio
As sucessivas quedas do dólar nas últimas semanas, guiadas justamente pelo aumento das chances de impeachment da presidente, fez com que crescesse a procura pela moeda nas casas de câmbio do País. Após passar os três primeiros meses do ano próxima dos R$ 4, a divisa recuou fortemente e faz com que os brasileiros com viagem marcada para o exterior saíssem em busca da moeda.
Stéfano Assis, CEO da plataforma de comparação de preços de moedas MelhorCambio.com, conta que a valorização do real fez com que a busca por todas as moedas no sistema aumentasse.
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De olho na votação do processo na Câmara, Assis afirma que tomou providências técnicas para atender a alta procura para o caso da aprovação do impeachment por dois terços dos deputados. Ele diz acreditar que a cotação comercial da moeda caia para R$ 3,30 com a aprovação do pedido.
— A gente está se preparando para absorver a demanda que esperamos para segunda-feira, porque, definitivamente, em função de como a economia e o câmbio se mostraram relacionados com esse pedido de impeachment, a gente acredita muito que, se aprovar o impeachment na Câmara, vai haver uma queda.