Brasil conquista medalha inédita em olimpíada internacional de astronomia
A medalha de ouro ficou com o Canadá e a de bronze com a Lituânia
Educação|Da Agência Brasil
Na mesma semana em que Artur Ávila Cordeiro de Melo, matemático brasileiro, conquistou a Medalha Fields, o Brasil teve outra conquista na área de ciências exatas, protagonizada por alunos do ensino médio. Cinco estudantes conquistaram a medalha de prata em prova por equipe na 8ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, conquista inédita no País.
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O evento, que terminou no último domingo (10), ocorreu na cidade de Suceava, na Romênia. O grupo brasileiro também obteve, nas provas individuais, duas medalhas de bronze e três menções honrosas. A equipe desembarcou última quinta-feira (14) no Brasil, após viagem de 30 horas.
— Essa competição tem nível muito elevado, e os alunos brasileiros se destacaram, diz o coordenador de Educação em Ciências do Mast (Museu de Astronomia e Ciências Afins), no Rio de Janeiro, Eugênio Reis, que acompanhou os estudantes. Segundo ele, “esses jovens que voltam com a medalha mostram para os demais que isso é uma coisa possível; que basta se dedicar, que se tem chance”.
Ao todo, participaram da olimpíada 208 estudantes, de 39 países. O Brasil é um dos países que participa da Olimpíada desde a primeira edição. A prova de equipe varia a cada ano, e a elaboração fica a cargo do país que sedia o evento. Na última edição, os grupos tiveram 90 minutos para calcular a trajetória de dois mísseis que deveriam atingir um asteroide, em rota de colisão com a Terra, e salvar o planeta.
Para as contas, puderam usar apenas objetos contidos em uma caixa: réguas, massa de modelar, barbante e papel milimetrado. A medalha de ouro ficou com o Canadá e a de bronze com a Lituânia.
A preparação dos estudantes vem desde o ano passado, com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, voltada para alunos de escolas públicas e particulares. No ano passado, foram 800 mil inscritos em todo o país. Os participantes que se destacaram foram convidados a continuar estudando.
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Os selecionados passaram por várias etapas, que incluíram uma prova presencial. Além dos cinco estudantes que participaram da competição internacional, foram escolhidos cinco para participar da competição latino-americana, que será no Uruguai, de 10 a 16 de outubro. Haverá também cinco suplentes. Os finalistas tiveram aulas, participaram de oficinas e de observações astronômicas.
Experiência
— Foi uma experiência indescritível, sintetiza Felipe Vieira Coimbra, de 16 anos, que acabava de entrar em casa quando conversou com a Agência Brasil. Ele é aluno do segundo ano do Instituto Dom Barreto, em Teresina (PI). O colégio particular está entre as notas mais altas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Como astronomia não está no currículo escolar, Felipe diz que todo o estudo que teve foi por conta própria, com livros e apostilas usadas em universidades.
Além da medalha de prata, o jovem carrega no currículo duas medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Física. Ele diz que prefere não restringir os planos para o futuro, mas adianta que pretende seguir na área de exatas e cogita o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) como objetivo.
— Na escola, é quase um clichê, as exatas são as matérias menos populares. Mas não sou o único no Brasil, tem muita gente que se destaca, o Artur é um exemplo.