Enem: 15 mil candidatos terão 1 hora a mais para compensar dificuldades relacionadas ao TDAH

Atendimento especializado ainda possibilita acessibilidade a pessoas com dislexia, baixa visão e gestantes

Educação|Beatriz Kawai*, do R7

17/10/2023 - 02h00 (Atualizado em 29/03/2024 - 10h36)

Alunos diagnosticados com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e dislexia terão uma hora a mais nas provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para compensar a dificuldade de concentração atrelada às condições.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) aprovou neste ano 38.101 solicitações de atendimento especializado. Dentre elas, 13.686 foram de candidatos com TDAH e 1.135 de participantes com dislexia.

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"É importante proporcionar condições de igualdade, levando em consideração as necessidades específicas dos alunos e garantindo que tenham as mesmas oportunidades de demonstrar seu conhecimento", explica Julia Trindade, psiquiatra pós-graduada em neurociências do comportamento.

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Segundo ela, com o tempo adicional, os candidatos com dislexia e déficit de atenção conseguem revisar suas respostas, além de ler e responder às questões de forma mais cuidadosa.

Esse recurso ajuda alunos com dificuldades de atenção já observadas em sala de aula, aponta Samara Nabuco, psicóloga do serviço de atendimento psicológico do curso pré-vestibular Anglo.

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"Auxilia o participante na organização da prova e no planejamento, possibilitando uma estratégia para distribuir o tempo entre as questões", explica Samara.

Atendimento especializado

Além de dar tempo adicional, o atendimento especializado inclui adaptações na prova, como letra ampliada, e recursos como calculadora, leitores, guias-intérpretes e transcritores. Confira todas elas ao final deste texto.

No processo de solicitação, o Inep exige documentação médica que comprove o diagnóstico, assinada por um profissional. Em seguida, é realizado um processo para verificar sua autenticidade. Só aí o pedido é aprovado.

Os candidatos podiam ainda escolher entre fazer o exame impresso e digital, porém essa modalidade foi cancelada após dois anos, em janeiro de 2023.

Gestantes e lactantes também têm uma hora adicional para ficar com o bebê e devem estar acompanhadas de um responsável para cuidar da criança durante a prova. Além disso, têm direito de fazer o exame em uma sala de fácil acesso e com apoio para pernas e pés — o que também é um direito dos candidatos idosos.

Já os candidatos com surdez, deficiência auditiva, surdocegueira, dislexia e/ou transtorno do espectro autista terão suas redações corrigidas a partir de padrões diferentes. As pessoas aprovadas para a prova em vídeo traduzida em Libras terão duas horas a mais.

Número de atendimentos especializados que o Inep concedeu em 2023

Autismo – 6.044

Baixa visão – 6.504

Cegueira – 577

Deficiência auditiva – 113

Deficiência física – 5.173

Deficiência intelectual (mental) – 3.073

Déficit de atenção – 13.686

Discalculia – 471

Dislexia – 1.135

Surdez – 64

Surdo-cegueira – 7

Visão monocular – 1.254

Total – 38.101

*Sob a supervisão de Vivian Masutti

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Ciências da Natureza, análise de Idelfranio Moreira

Biologia: temos um conjunto enorme de assuntos bem diluídos pela prova. Se chamarmos atenção para os de maior incidência, temos: meio ambiente, relacionado às
influências e aos impactos dos seres humanos na natureza, histologia, fisiologia,
citologia e ecologia. Existe uma divisão bem equilibrada entre esses conteúdos, e eles representam pelo menos 50% da prova. Portanto, não há um peso tão
grande concentrado somente em determinado assunto, no caso de biologia. Em
ecologia, por exemplo, tema de bastante peso na prova, é importante que o
estudante tenha total visibilidade sobre os conceitos de nicho e habitat,
cadeia alimentar, temáticas de sustentabilidade e ciclos biogeoquímicos. Já em
fisiologia, os temas de gravidez e funcionamento do corpo humano, em geral,
também são importantes para a prova, enquanto a citologia traz o estudo das
células, seus processos vitais, suas estruturas e seu funcionamento

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Matemática e Suas Tecnologias, análise de Ademar Celedônio, diretor de ensino e inovações educacionais

Matemática: antes de tudo, é bom
explicar um pouco o modelo das provas. Unicamp e Fuvest são vestibulares
tradicionais e muito mais focados nos conteúdos do ensino médio. Já o Enem traz como proposta sempre incluir uma contextualização. Assim, o conteúdo mais próximo do nosso cotidiano se torna fácil de compreender, como noções de escala, razão, proporção, regra de três e porcentagem. Alguns outros assuntos, como trigonometria, que não cai
tanto no Enem mas é mais cobrada em outras provas, são mais difíceis de
contextualizar.
No Enem, assuntos do ensino fundamental compõem de 60% a 65% do exame. Na Unicamp e na Fuvest, encontramos itens do ensino médio,
apesar de termos pontos em comum entre as três provas, como o assunto das funções.
Desde
o ano passado, a prova da Fuvest tem uma tendência a ser mais interdisciplinar,
o que a faz se aproximar, na primeira fase, cada vez mais do estilo do Enem

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