“Escândalo na Petrobras” atinge governo e base de apoio, diz coordenador de Marina
Para Maurício Rands, Dilma Rousseff é a principal responsável pela petroleira
Eleições 2014|Diego Junqueira, do R7
O coordenador do programa de governo da presidenciável Marina Silva, o ex-deputado federal Maurício Rands, disse nesta segunda-feira (8) que o suposto esquema de corrupção na Petrobras, denunciado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, atinge “de morte” o governo e sua base de apoio e que a responsabilidade é da presidente Dilma Rousseff.
— Esse escândalo da Petrobras atinge direto, atinge de morte o governo. Por que quem era responsável pela administração da Petrobras? Dilma Rousseff. Dilma Rousseff era presidente do conselho de administração.
Para Rands, a presidente e candidata à reeleição pelo PT usou a estatal para fazer política.
— A base de apoio de Dilma, PT, PP e PMDB, toda ela estava na Petrobras. Então ela é quem estava ‘politicando’ a Petrobras.
Segundo reportagem publicada pela revista Veja neste final de semana, Paulo Roberto Costa teria revelado à PF (Polícia Federal) os nomes de 32 parlamentares, três governadores e um ministro de Estado que participariam de um esquema de propina na petroleira. De acordo com a publicação, que não revela detalhes nem documentos, os responsáveis pelo esquema exigiam uma contrapartida de empreiteiras para fechar negócios com a Petrobras. Essas empresas tinham de reverter parte dos lucros aos cofres da estatal. Depois de lavado por doleiros, o dinheiro era repassado a políticos.
Entre os mencionados pelo ex-diretor estariam os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), e os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder de governo. Roseana Sarney (PMDB), governadora do Maranhão, Sérgio Cabral Filho (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco — morto no dia 13 de agosto, quando era presidenciável pelo PSB —, também foram citados por Costa como beneficiários do esquema.
Rands esteve na noite de ontem na sede da Rede Record, em São Paulo, onde acompanhou Marina Silva durante sabatina no Jornal da Record. A presidenciável estava acompanhada também pela outra coordenadora de seu programa de governo, Maria Alice Setúbal, além dos assessores Tasso Azevedo, Maristela Bernardo e João Paulo Capobianco.
Durante a entrevista ao Jornal da Record, Marina afirmou que é necessária uma investigação das denúncias antes de responsabilizar o ex-governador Eduardo Campos. Para ela, trata-se apenas de uma menção a Campos e cabe à PF e ao Ministério Público investigarem as denúncias, para a "sociedade brasileira entender o que está acontecendo” na estatal.
— Em primeiro lugar, é uma citação. Na matéria [da revista Veja], não tem nenhum fato determinado. Em segundo lugar, o processo está em investigação. O que nós queremos é que as investigações sejam feitas e que aqueles que são culpados sejam punidos e os inocentes sejam inocentados. Não temos nenhum constrangimento com inverdades. Queremos a verdade.
Operação Lava Jato
Paulo Roberto Costa foi preso em março deste ano durante a operação Lava Jato, da PF, sob acusação de participar de um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef.
Diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras entre 2004 e 2012, ele fechou um acordo com a PF de delação premiada — quando o réu revela denúncias em troca de redução da pena. Os depoimentos aos agentes federais acontecem há mais de uma semana, em Curitiba, onde ele está preso.
A PF informou nesta segunda-feira que vai apurar o vazamento dos depoimentos de Costa, já que o processo corre sob segredo de Justiça.