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Opinião: Marina Silva será atingida por polêmica envolvendo jato de Campos?

Aeronave teria sido comprada por empresários pernambucanos com uso de empresas-fantasma

Eleições 2014|Diego Junqueira, do R7

Em crescimento nas pesquisas, Marina Silva é blindada pelo partido das polêmicas envolvendo o jato de Campos
Em crescimento nas pesquisas, Marina Silva é blindada pelo partido das polêmicas envolvendo o jato de Campos Em crescimento nas pesquisas, Marina Silva é blindada pelo partido das polêmicas envolvendo o jato de Campos

A revelação de que empresas de fachada atuaram na compra do jato executivo usado pela campanha de Eduardo Campos, ex-candidato do PSB à Presidência, está deixando o comando do partido sem respostas. Até agora, ninguém soube explicar com detalhes o acordo que permitiu o uso do Cessna Citation Excel — a aeronave caiu no último dia 13, em Santos, matando Campos e outras seis pessoas. Mas será que, além de atingir o PSB, a polêmica causará danos à candidatura-sensação de Marina Silva?

Após abandonar o governo Dilma Rousseff (PT), no ano passado, e adotar a ex-senadora petista para a campanha presidencial, o PSB tenta se apresentar ao eleitorado como uma alternativa à velha política nacional — leia-se: agimos diferente dos outros.

Mas a falta de esclarecimentos sobre a compra do jato por empresários amigos de Campos e o uso da aeronave pela campanha põem em xeque esse discurso.

O Jornal Nacional revelou na terça-feira (26) que empresas sem capacidade financeiro ou com endereços fantasmas custearam o pagamento de uma dívida de R$ 1,7 milhão para a compra do avião. Um total de seis pagadores (entre empresas e pessoas) fez 16 transferências bancárias para a AF Andrade, antiga proprietária, em troca do uso do jato. A PF (Polícia Federal) já tem em mãos os depósitos e sabe que algumas das fontes pagadoras da compra são firmas supostamente fantasmas. Uma delas é a Geovane Pescados, de Recife. Outra é a Câmara e Vasconcelos.

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O empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho já admitiu estar à frente do negócio com a AF Andrade. Ele afirmou ainda que captou empréstimos para quitar a dívida do financiamento. A operação, no entanto, não foi aprovada pela Cessna. Até o dia do acidente, a aeronave ainda estava em nome da AF Andrade.

Para solucionar a questão, o PSB divulgou nota na terça afirmando que o uso do avião era de conhecimento público e que foi "autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira".

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Além disso, informa também que, ao término da campanha, seria feita a "contabilização" das horas de voo e emitido o "recibo eleitoral". Mas contabilização do quê? Dos gastos? Do empréstimo? Do aluguel? Da cessão? Do presente?

No PSB, ninguém sabe explicar. O deputado federal Márcio França (PSB-SP), que assumiu nesta semana a coordenação financeira da campanha, disse também na terça-feira, durante o debate na TV Bandeirantes, que ainda não sabia se o uso do jato seria "oneroso ou gratuito" para a campanha.

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Um dia após a declaração de França, a própria Marina Silva afirmou, durante sabatina no JN, que o jato tinha sido emprestado para a campanha e que os proprietários seriam “ressarcidos” ao final. Foi a primeira declaração oficial de que haveria um pagamento pelo uso do jato.

Apesar das informações incompletas e da falta de esclarecimentos, o partido se esforça para assumir a responsabilidade e livrar Marina da polêmica. Até o momento, está conseguindo.

"Ela não é do PSB", afirmou França na terça, uma senha para a preservação de Marina. A ex-petista, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora em breve será também ex-pessebista, quando seu partido, a Rede Sustentabilidade, passar a existir.

Diferente dos líderes do PSB, Marina prefere viajar em voos comerciais — e, ao menos por enquanto, tem evitado o uso de aviões particulares, assim como fazia quando Campos era o cabeça da chapa.

Enquanto Marina questiona a doação eleitoral de determinadas empresas, como das indústrias de armas, álcool e tabaco, seu chefe financeiro não vê problemas nesse dinheiro, desde que ocorra "dentro da legalidade". Ser um corpo estranho dentro do partido, então, tem lá suas vantagens.

Adotar velhos e novos discursos são os detalhes da campanha presidencial que não para de crescer nas pesquisas eleitorais. Mas a PF quer é saber se velhas práticas eleitoreiras também são uma opção na campanha, como a investigação sobre a origem do dinheiro que financiou a compra do avião.

Estar à margem da "polêmica do jato" é fundamental para Marina continuar se apresentando ao eleitorado como a "nova política". Ao menos neste caso, a dupla trabalha de acordo: o partido é questionado, mas a candidata se livra dos arranhões.

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