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Nova regra deixa 51% dos candidatos sem dinheiro

Do total arrecadado pelas campanhas, 43% são do próprio bolso dos candidatos

Eleições 2016|

Candidatos estão tendo que se virar para fazer campanha
Candidatos estão tendo que se virar para fazer campanha Candidatos estão tendo que se virar para fazer campanha

Na primeira disputa eleitoral após a proibição de doações de empresas a partidos e candidatos, o dinheiro anda escasso. Há um mês da votação, 51% dos 16.349 políticos que disputam as 5.568 prefeituras do País não arrecadaram nem um centavo sequer. Entraram nas contas dos demais, somados, R$ 248 milhões, o que representa uma queda de 46% em relação ao que ocorreu em 2012, quando se comparam períodos equivalentes das campanhas.

Além dos 8.269 candidatos que declararam ter receita zero até a sexta-feira, outros 3.901 (24% do total) registraram arrecadação inferior a R$ 10 mil.

A redução das verbas, além do fim do financiamento empresarial, está relacionada ao fato de as campanhas terem ficado mais curtas. Há menos tempo para arrecadar - e, em tese, os custos também diminuirão.

A escassez de recursos se traduz em menor impacto visual. Com raras exceções, nas ruas há menos bandeiras, cartazes e santinhos.

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O PT, maior beneficiário de doações de empresas até recentemente, agora orienta seus candidatos a driblar a falta de recursos com a produção de propaganda para internet e programas de TV usando telefone celular, cartolina, pincel atômico e placas de isopor.

Com doações de restritas, aplicativos de celular viram opção para aproximar candidato e eleitor nas eleições

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Mudança

Na falta das empresas, os próprios políticos passaram a ser a principal fonte de financiamento das campanhas. Segundo levantamento do Estadão Dados, um em cada três candidatos a prefeito ou vice teve de abrir o bolso para pagar suas despesas. Os recursos próprios somam R$ 106 milhões, o equivalente a 43% do total arrecadado.

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A preponderância das autodoações é uma novidade: há quatro anos, essa modalidade respondeu por apenas 19% das verbas que circularam pelas campanhas. Na categoria dos autofinanciadores há uma enorme disparidade de riquezas: 51% do total de recursos próprios foi desembolsado por apenas 8% dos candidatos.

No topo do ranking está o empresário Vittorio Medioli (PHS), o segundo candidato mais rico do Brasil, que já gastou do próprio bolso R$ 1,5 milhão com o objetivo de administrar Betim, a segunda cidade mais rica de Minas, depois de Belo Horizonte. Medioli, que não respondeu às tentativas de contato feitas pela reportagem, declarou à Justiça Eleitoral ter patrimônio de R$ 352, 5 milhões.

Dono do quinto maior patrimônio do País, o tucano João Doria, que concorre à Prefeitura de São Paulo, já gastou R$ 834 mil em recursos próprios. Isso o coloca na quinta posição entre os mais generosos com as próprias campanhas (veja quadro).

Assim como os recursos próprios, o dinheiro público também ganhou mais peso neste ano. Verbas do Fundo Partidário, que têm origem no Orçamento da União, respondem por 28% de tudo o que entrou nas contas dos candidatos desde o dia 16 de agosto, data em que eles foram autorizados a começar a coleta de recursos.

Na campanha de 2012, os partidos também faziam contribuições significativas, mas a origem do dinheiro era majoritariamente privada. Empresas doavam para as legendas e estas repassavam os recursos aos candidatos - assim, com o uso de intermediários, as prestações de contas não mostravam as conexões entre financiadores e financiados. Eram as chamadas doações ocultas.

Por fim, as contribuições das pessoas físicas empataram com as dos partidos nas últimas duas semanas, chegando também a 28% do total. Mas a esperada democratização do financiamento eleitoral, com a pulverização das doações, ainda é um objetivo distante: apenas 19.428 eleitores fizeram contribuições até a semana passada - na média, pouco mais de um doador por candidato a prefeito.

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