Em 6º dia de protestos na Turquia, manifestantes enfrentam a polícia e pedem demissão de autoridades
Manifestantes pediram a demissão dos chefes de polícia por causa do uso excessivo de força
Internacional|Do R7
O clima continua tenso na Turquia nesta quarta-feira (5), o sexto dia dos protestos contra o governo. Hoje, os manifestantes pediram a demissão dos chefes da polícia de Ancara (a capital), Istambul, Tunceli e Hatay, onde os oficiais reagiram com violência às manifestações. Mas apesar do pedido de desculpas do governo, milhares de pessoas se reuniram hoje na praça Taksim, em Istambul, em resposta à greve geral convocada por dois sindicatos.
A violência na Turquia começou na semana passada, quando a polícia tentou retirar à força milhares de manifestantes do parque Gezi, em Istambul, onde as autoridades planejam construir um centro comercial. Na sexta-feira (31), os protestos ganharam um caráter político, de contestação ao governo, e se espalharam por algumas cidades.
Na terça-feira, o vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinç, pediu desculpas aos manifestantes feridos pela repressão policial e aproveitou para pedir calma.
Apesar disso, a noite e a madrugada na Turquia foram marcadas por novos protestos. Houve conflitos entre manifestantes e policiais em Ancara, Istambul, Tunceli e Hatay. Nos confrontos, os agentes de segurança usaram gás lacrimogêneo e bombas de água contra os manifestantes.
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Já nesta quarta-feira (5), os manifestantes invadiram a Praça Taksim, coração dos protestos, em resposta à paralisação convocada por dois sindicatos.
Eles exigiram a demissão dos chefes de polícia e, novamente, pediram a renúncia do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, o chefe de governo, considerado um islamita moderado e que conta com bastante apoio internacional.
"Taksim, resiste, os trabalhadores chegam" e ainda "Tayyip, os saqueadores estão aqui!", gritavam os manifestantes.
Pelo menos 10 mil manifestantes, alguns com emblemas com a imagem do fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk, também marcharam pela capital Ancara em meio a uma nuvem de bandeiras turcas.
"Este país não se curvará diante de ti", gritaram os manifestantes ao chefe de governo.
A Anistia Internacional condenou o uso de gás lacrimogênio contra os manifestantes. “Canhões de água e gás lacrimogênio não deveriam ser usados contra manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás lacrimogênio em ambientes confinados, que representa um grande risco para a saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, em comunicado divulgado na segunda-feira (3).
A atuação da polícia turca contra manifestantes também foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu nesta terça-feira (4) às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos agentes. O próprio primeiro-ministro turco admitiu que houve “erros, excessos na resposta da polícia”.
Reunião com o governo
Os representantes dos manifestantes turcos exigiram hoje que o governo demita os chefes de polícia de várias cidades do país, incluindo Istambul e Ancara, pelo uso excessivo da força.
"Os chefes de polícia que deram a ordem de atuar com violência devem ser demitidos", afirmou um porta-voz do grupo após uma reunião em Ancara com o vice-premiê Arinç.
Os representantes, todos da sociedade civil, entregaram ao número dois do governo islâmico uma lista de reivindicações, incluindo a libertação de todos os manifestantes detidos desde o início dos protestos e o abandono do polêmico projeto de urbanização da Praça Taksim, o estopim da contestação.
Os manifestantes também pedem que a polícia pare de usar gás lacrimogêneo e que a liberdade de expressão seja respeitada na Turquia.
Até o momento, três pessoas já morreram durante os protestos.
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