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Bombas de gás usadas em Istambul são fabricadas no Brasil 

O jornal turco Hürriyet Daily News fotografou os artefatos brasileiros exportados para a turquia

Internacional|Do R7, com Agência Brasil

O jornal Hürriyet Daily News divulgou a imagem da bomba brasileira encontrada em istanbul
O jornal Hürriyet Daily News divulgou a imagem da bomba brasileira encontrada em istanbul

A polícia turca está usando vários tipos de bombas de gás importatas para tentar dissipar os protestos que já mataram três pessoas no país, denunciou nesta terça-feira (4) o jornal local Hürriyet Daily News. O que mais chamou atenção foi que o diário destacou que parte destas armas consideradas não-letais são de origem brasileira.

A publicação informou que "milhões de dólares do dinheiro dos contribuintes turcos são gastos com a importação de gás lacrimogêneo" e ressaltou que as bombas de gás disparadas recentemente no distrito de Sisli, em Istambul, são de fabricação brasileira e as granadas de mão foram produzidas na Coreia do Sul.

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No ano passado, rebeldes sírios também identificaram a utilização de bombas de gás lacrimogêneo brasileiras no país. Tanto na Síria quanto na Turquia, os artefatos são da Condor Tecnologias Não-Letais S.A, empresa com sede no Rio de Janeiro.


Em 2011, as mesmas bombas foram encontradas por manifestantes no Bahrein. A exportação de armas tem sido um dos setores de melhor desempenho do comércio exterior brasileiro.

A Anistia Internacional condenou o uso de gás lacrimogênio contra os manifestantes. “Canhões de água e gás lacrimogênio não deveriam ser usados contra manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás lacrimogênio em ambientes confinados, que representa um grande risco para a saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, em comunicado divulgado na segunda-feira (3).


A atuação da polícia turca contra manifestantes foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu nesta terça-feira (4) às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos agentes. O próprio primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Ergodan, admitiu que houve “erros, excessos na resposta da polícia”.

A empresa Condor Tecnologias Não Letais, sediada na Baixada Fluminense, confirmou que fornece gás lacrimogênio para a polícia turca e que é a única fornecedora brasileira desse tipo de armamento para a Turquia.

Segundo a assessoria de imprensa da Condor, há uma recomendação das Nações Unidas para que polícias de todo mundo usem equipamentos desse tipo, já que armas não letais reduzem as possibilidades de morte em confrontos. Ainda de acordo com a empresa, os compradores são treinados e orientados a usar corretamente o equipamento.

O combates nas ruas das principais cidades turcas já deixaram três mortos e milhares de feridos. O governo do país não parece estar disposto a ceder aos manifestantes que pedem a saída do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

Desculpas do governo turco

O vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, pediu desculpas nesta terça-feira (4) aos manifestantes feridos pela repressão policial durante os protestos que afetam a Turquia há cinco dias, mas também pediu o fim imediato das manifestações.

Ao mesmo tempo, a disputa entre o primeiro-ministro islamita turco Recep Tayyip Erdogan e milhares de manifestantes, que já provocou a morte de dois ativistas, se intensificou nas ruas da Turquia e um sindicato convocou uma greve de duas horas.

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"Peço desculpas aos que sofreram a violência por serem sensíveis às questões ambientais", disse Arinç, que criticou a intervenção policial com gás lacrimogêneo para dispersar um protesto contra a remodelação de um parque no centro de Istambul.

"Mas não acredito que devamos pedir desculpas aos que provocaram danos nas ruas e tentaram bloquear a liberdade das pessoas", completou Arinç.

"O que fez com que as coisas saíssem de controle foi a utilização de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança, por uma ou outra razão, contra pessoas que tinham inicialmente exigências legítimas", disse o vice-premier em uma entrevista coletiva após uma reunião com o presidente Abdullah Gül.

O vice-premier considerou ainda "justas e legítimas" as primeiras manifestações contra o projeto de urbanização de um parque de Istambul, que depois viraram onda de protestos contra o governo islamita conservador.

"As primeiras manifestações, motivadas por preocupações ecológicas, eram justas e legítimas", declarou Arinç.

"Estou convencido de que nossos cidadãos, responsáveis, encerrarão hoje os protestos. É o que esperamos deles", afirmou.

"As diferenças constituem a maior riqueza da Turquia. Nosso governo respeita e é sensível aos distintos estilos de vida", destacou o porta-voz do governo.

Desde o início dos protestos, Gul e Arinç, ambos do partido AKP de Erdogan, se mostraram mais conciliadores que o chefe de Governo.

Erdogan prosseguia nesta terça-feira em uma viagem pelo norte da África. Em Rabat, Marrocos, afirmou que a situação "estava se acalmando" no país, apesar da convocação de greve pela influente Confederação de Sindicatos do Setor Público (KESK).

De acordo com Erdogan, seus opositores se aproveitaram dos episódios em Istambul.

"A princípio, os problemas com as árvores (que seriam derrubadas para a construção de um centro comercial em Istambul) provocaram alguns protestos. Mas depois os manifestantes foram controlados por pessoas que não ganharam as eleições", disse.

Após uma nova noite de mobilização e confrontos em várias cidades turcas, a KESK convocou uma paralisação de duas horas nesta terça-feira.

Desde sexta-feira, os protestos de militantes de associações contrárias à construção de um centro comercial se espalharam por toda a Turquia.

Erdogan, acusado de autoritarismo, enfrenta um movimento de protesto de dimensão inédita desde a chegada ao poder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) em 2002.

"O terror exercido pelo Estado contra as manifestações totalmente pacíficas ocorreu de tal maneira que ameaça a vida dos civis", afirma uma nota da KESK, que alega ter 240.000 afiliados.

"A brutalidade da repressão traduz a hostilidade contra a democracia por parte do governo", completa a nota.

Um jovem de 22 anos morreu na segunda-feira em um hospital no sul da Turquia, a segunda vítima fatal dos confrontos no país. A necropsia não permitiu confirmar que ele recebeu um tiro, como haviam informado as autoridades.

A polícia voltou a utilizar na madrugada desta terça-feira bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar centenas de manifestantes em Ancara e Istambul.

Em Istambul, milhares de manifestantes voltaram a pedir na noite de segunda-feira a renúncia do primeiro-ministro.

A polícia agiu com violência contra os manifestantes no bairro de Besiktas, perto do gabinete do primeiro-ministro, e na praça Kizilay, que virou o epicentro dos protestos na capital Ancara.

Em Genebra, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a sul-africana Navi Pillay, pediu que a Turquia organize uma investigação rápida e independente sobre o comportamento da polícia.

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