Conheça os problemas que a Coreia do Norte tenta esconder com as ameaças de guerra

Internacional|Do R7

09/04/2013 - 00h30 (Atualizado em 20/04/2024 - 10h30)

A Coreia do Norte vem ameaçando os Estados Unidos e a Coreia do Sul há mais de um mês com exibições de seu arsenal de guerra: mísseis balísticos,
tanques, aviões e navios. O país também realizou, em fevereiro deste ano, seu
3º teste nuclear, dando início a uma escalada militar na Ásia.

Mas os altos gastos do governo comunista, estimados pelo Departamento
de Estado dos EUA em 25% do PIB do país, para manter o gigantesco Exército, fazem com que a população da Coreia do Norte sofra com a falta de investimentos para acabar com a pobreza e a
escassez de comida no país.

A seguir, saiba quais são os problemas que Coreia do Norte tenta esconder com sua retórica estridente

Coreia do Norte usa ameaças para reduzir miséria do povo

A organização internacional Global Security (Segurança Global, em
tradução livre) divulgou que os norte-coreanos investiram cerca de R$ 80
bilhões, em 2011, somente nas suas Forças Armadas. Valor que poderia ser revertido para o bem estar da população.

A ONU (Organização das Nações Unidas) e outras organizações
de direitos humanos acompanham de perto os problemas sociais do país,
denunciando insistentemente a pobreza na qual a população local vive.

O dinheiro do país vem sendo usado há décadas em investimentos militares com a construções de mísseis, como o Musudan, exibido acima em um desfile militar no ano passado

De acordo com um relatório da ONU de 2012 sobre alimentação, cerca de
28% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica, e
em 4% dos casos a desnutrição é aguda.

Anemia e desnutrição estão
entre as principais causas de mortalidade infantil na Coreia do Norte,
segundo o relatório

Coreia
do Norte -

Há 13 anos
consecutivos, o país comandado por Kim Jong Un, é o pior lugar para o cristão
praticar sua fé, de acordo com dados da Portas Abertas. A Coreia do Norte é a
que mais ocupou por mais tempo a liderança da Classificação da Perseguição
Religiosa, desde que foi criada, em 1994.

Apesar das
dificuldades, a organização estima que há cerca de 400 mil cristãos no país

A ajuda alimentar internacional, especialmente da Coreia do Sul e dos
Estados Unidos, foi drasticamente reduzida nos últimos anos, devido as
crescentes tensões provocadas pelos programas nuclear e de mísseis
norte-coreanos. Há anos, quem ocupa o papel de principal mantenedor do país é a China.

Na imagem de 1997, um jovem de 22 anos, que sofre de desnutrição, recebe tratamento médico, durante o período em que a Coreia do Norte aceitava ajuda estrangeira

Organizações internacionais estimam que
cerca de 3,5 milhões de norte-coreanos morreram entre 1990 e 2000 em
consequência da fome. Durante esse período, a crise humanitária foi tão grave
que o país aceitou receber alimentos enviados pela ONU.

Na imagem acima, uma mãe norte-coreana alimenta seu filho com comida enviada por organizações estrangeiras ao país

Em janeiro deste ano, o governo de Kim Jong-un (foto) enfrentou acusações de canibalismo na Coreia do Norte, devido a escassez de comida no país.

O diário
britânico The Sunday Times publicou o relato de que um homem teria sido
fuzilado no país por ter matado e devorado seus dois filhos, no que foi
descrito como um "ataque de fome".

A agência de notícias asiática Asia Press compilou um relatório de 12 páginas com os relatos de canibalismo no país

De acordo com Diogo Costa, professor de relações internacionais do Ibmec, a população norte-coreana vive em uma realidade criada pelo governo e desconhece a realidade do resto do mundo.

—

As pessoas não têm informação do que é [a vida] fora da
Coreia do Norte.

Tudo o que é montado pra elas, as pessoas acreditam, achando
que é a realidade.

É um governo muito mais sustentado pela propaganda do que
sustentado pela força policial

Coreia do Norte usa ameaças para reduzir miséria do povo

O atual líder Kim Jong-un, seu pai e antecessor, Kim Jong-il, e seu avô
(fundador da Coreia do Norte) Kim Il-sung são aclamados como deuses. "É
uma
religião bizarramente fabricada para mantê-los fechados também", disse o
professor Costa.

Por toda a Coreia do Norte estão espalhados 35 mil estátuas e monumentos em homenagem aos líderes.

Na imagem acima, norte-coreanos se curvam em respeito às imagens dos antigos líderes, na capital Pyongyang

O relator especial das Nações Unidas para Coreia do Norte,
Marzuki Darusman, apresentou um relatório, em março deste ano, que denuncia violações
das leis fundamentais na Coreia do Norte.

Entre todos os abusos documentados, Darusman critica
abertamente o fato de que as autoridades mantêm a restrição imposta à entrada
de assistência humanitária internacional para fazer frente "à crise
alimentícia endêmica".

Outro abuso documentado é o extenso uso da tortura e
outros maus-tratos ou penas cruéis, desumanos e degradantes "e, em particular,
as condições desumanas da privação de liberdade"

* colaborou Marta Santos, estagiária do R7

A Coreia do Norte vem ameaçando os Estados Unidos e a Coreia do Sul há mais de um mês com exibições de seu arsenal de guerra: mísseis balísticos, tanques, aviões e navios. O país também realizou, em fevereiro deste ano, seu 3º teste nuclear, dando início a uma escalada militar na Ásia. Mas os altos gastos do governo comunista, estimados pelo Departamento de Estado dos EUA em 25% do PIB do país, para manter o gigantesco Exército, fazem com que a população da Coreia do Norte sofra com a falta de investimentos para acabar com a pobreza e a escassez de comida no país. A seguir, saiba quais são os problemas que Coreia do Norte tenta esconder com sua retórica estridente Coreia do Norte usa ameaças para reduzir miséria do povo