Do Brasil para a Argentina: as seis lições que Cristina Kirchner pode aprender com Dilma Rousseff

Internacional|Do R7

28/11/2012 - 01h50 (Atualizado em 20/04/2024 - 11h37)

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner são as únicas mulheres que estão à frente de seu país na América do Sul. Hoje, elas estão em momentos diferentes em suas carreiras políticas: enquanto Dilma bate recordes de aprovação (77% no fim de setembro), Cristina sofre com constantes protestos contra suas decisões. Veja a seguir o que a argentina pode aprender com a presidente do Brasil

Lição 1: como lidar com a imprensa. Desde que assumiu o cargo, em 2010, Dilma concedeu diversas entrevistas exclusivas, para diferentes veículos, como um café da manhã com os apresentadores Celso Zucatelli e Chris Flores, da TV Record. Já Cristina, que assumiu como presidente em 2007, não fala diretamente com jornalistas desde o ano passado, quando foi reeleita

Em encontro com um grupo de estudantes em Nova York, em setembro, Cristina afirmou que “não há jornalismo independente no mundo” e justificou que não dá entrevistas porque “quando a resposta não agrada aos jornalistas, eles começam a gritar e chutar portas”. Sua postura faz dela um alvo de críticas do principal grupo de comunicação da Argentina, o Clarín

Lição 2: como não gastar milhares de reais em sapatos. Durante uma visita oficial a Nova York, Cristina gastou cerca de R$ 206 mil em 20 pares de sapatos exclusivos da marca Christian Louboutin. Antes de ir aos EUA, a argentina estava em Paris, onde se hospedou com a filha em um dos hotéis mais luxuosos da cidade e adquiriu produtos da Louis Vuitton e da Hermès

Já Dilma se mantém discreta em suas viagens internacionais. Durante suas visitas oficiais, Dilma cumpre a agenda de compromissos com autoridades e visita universidades renomadas, como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), quando esteve nos EUA. A presidente foi vista fazendo compras apenas em Londres, onde comprou uma camiseta e um globo terrestre

Lição 3: como lidar com os empresários. Na Argentina, os empreendedores não têm confiança no mercado para que possam investir e fazer o capital girar no país. Desde 2001, bancos, seguradoras, corretoras e afins não recebem estímulo do governo para que voltem a crescer, estagnando a economia do país. Na imagem, argentinos protestam contra Cristina no último dia 20

No Brasil, Dilma tem aumentado a criação de empregos e o ritmo da economia brasileira. Boa parte do crescimento se deve ao estímulo aos grandes, médios e pequenos empresários, que têm boas oportunidades para abrir e expandir seu negócio. Na imagem, a presidente em reunião com os 28 maiores empresários do País, em março

Lição 4: como lidar com a classe média. No Brasil, o governo lançou medidas de estímulo à compra, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que baixou o preço de carros, móveis e eletrodomésticos. Com os preços mais baixos, a classe média pôde adquirir produtos que, antes, não eram prioridade nos gastos

Na Argentina, a classe média não tem os mesmos benefícios. Apesar de medidas tomadas por Cristina para tentar controlar a taxa de inflação, como o congelamento de tarifas básicas — transporte público, água e luz — e a intervenção direta do governo no setor privado, a onda inflacionária continuou crescendo e vem diminuindo o poder de compra dessa parcela da população

Lição 5: como lidar com a corrupção. Amado Boudou, vice de Cristina, é investigado por tráfico de influência, o que aumenta a desconfiança por parte da população. Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Crimes Econômicos, leva 14 anos para um processo de corrupção ser julgado no país. Na imagem, multidão protesta contra Cristina no dia 8 de novembro

Já Dilma é conhecida por não tolerar em seu governo funcionários públicos suspeitos de corrupção. Recentemente, a presidente decidiu afastar os envolvidos na operação Porto Seguro, da Polícia Federal, além de ter demitido ministros suspeitos de corrupção no primeiro ano de mandato. A presidente chegou a afirmar que adota a “tolerância zero” no combate à corrupção

$Lição 6: como lidar com o investidor estrangeiro. A fraca economia da Argentina atualmente não é atrativa para empresas e investidores estrangeiros, que poderiam representar uma solução para o lado financeiro da crise. A polêmica da nacionalização da empresa YPF manchou ainda mais a imagem da Argentina na comunidade internacional, especialmente na Espanha$

Já no Brasil, o investimento estrangeiro superou os R$ 14 bilhões em outubro, batendo recordes e elevando a imagem do País no mercado estrangeiro. Segundo Alexandre Tombini, presidente do BC, o Brasil perde apenas para os EUA, China e Europa como destino de investidores internacionais. O dinheiro que chega ao Brasil mostra a confiança que a economia brasileira passa ao resto do mundo

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner são as únicas mulheres que estão à frente de seu país na América do Sul. Hoje, elas estão em momentos diferentes em suas carreiras políticas: enquanto Dilma bate recordes de aprovação (77% no fim de setembro), Cristina sofre com constantes protestos contra suas decisões. Veja a seguir o que a argentina pode aprender com a presidente do Brasil