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Genocídio esquecido: conflito de Darfur já dura 12 anos e matou mais de 300 mil pessoas

Governo do ditador Omar Al-Bashir é acusado de financiar milícias árabes

Internacional|Do R7

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— Quênia, Etiópia, Uganda, Sudão, Nigéria, Angola, todos produzem vários tipos de armas. A produção deles é mais para uso interno, mas chegam a vender para clientes e países parceiros, com que estão alinhados politicamente
A região de Darfur consiste em um conjunto de Estados localizados no oeste do Sudão, um dos maiores países do continente africano em extensão territorial. Segundo a organização humanitária Human Rights Watch, 6 milhões de pessoas de 100 tribos diferentes moram na área
Muggah afirma também que, no interior desses países, o custo dos fuzis e armas pesadas costuma ser mais baixo do que nas cidades. Ele explica que é mais difícil que um rebelde ou guerrilheiro saia com um AK-47 nas ruas da capital do Quênia, Nairóbi, onde a polícia e o governo têm mais presença, do que no interior do território
A resposta do governo foi dura e violenta. Bombardeios aéreos foram acompanhados por atrocidades cometidas pelo Exército sudanês e pela milícia árabe Janjaweed, a quem os rebeldes acusam de serem financiados pelo governo
Professora de direito internacional e coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Santa Marcelina, Rita do Val classifica a situação em Darfur como “uma barbárie”. Para ela, o conflito pode ser definido como um genocídio
— O governo, que é responsável pela manutenção da paz, está promovendo ações de terror. O exército miliciano Janjaweed é acusado de promover estupros em massa, castração de crianças e homens, sequestro de meninos para compor os exércitos, dentre outros abusos, contra a população de Darfur, que é da mesma etnia que os rebeldes. E há denúncias de que o Exército também estupra
As atrocidades cometidas em Darfur com a suposta chancela do governo fizeram com que o Tribunal Penal Internacional, encarregado de julgar crimes de guerra e contra a humanidade, emitisse um mandado de prisão contra o presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, acusando-o de genocídio
Bashir voltou a figurar no noticiário internacional em junho deste ano, depois que as autoridades da África do Sul não cumpriram a ordem de prisão internacional emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o chefe de estado do Sudão, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade
— O Sudão era uma colônia inglesa que ficou independente na década de 50. Aí tem um problema que é comum na África: você junta no mesmo território populações com etnias diferentes e que pertencem a grupos étnicos antagônicos, como é o caso do Sudão
— No deserto do Quênia, por exemplo, há muitas armas e violência, principalmente entre os grupos tribais, porque há ódio entre as etnias. Há um desejo pelas armas, e a população sente que precisa ter uma para se proteger e também para atacar as outras tribos. Lá, os preços são relativamente baixos, porque você tem a Somália ao lado, que continua instável pela guerra civil, e o Sudão, que fabrica armamentos
Já para o professor do instituto de relações internacionais da Universidade de Brasília, Pio Penna, a motivação para o conflito é, majoritariamente, política. Para ele, a questão étnica vem em segundo plano
— Na minha opinião, o que está por trás desse conflito é o que move quase todos os conflitos na África. Trata-se de uma insatisfação contra a pobreza e o abandono do Estado. Darfur é uma área grande, pobre, periférica e desassistida. Não existem instituições e mecanismos legais de grupos locais para reivindicar seus direitos. Então o que a população vai fazer? Vão pegar em armas, não tem outro jeito
Penna acrescenta os interesses geopolíticos na região à lista de motivos para a falta de solução para o Conflito de Darfur. — O que se diz por aí é que as atrocidades aconteceram porque o Bashir tem o apoio da China. O governo chinês tem ótimas relações com o ditador, e tem interesse no petróleo da região. E qualquer intervenção internacional tem que passar pelo Conselho de Segurança da ONU, o que a China vetaria. Mas ninguém da comunidade internacional se importou muito com a situação de Darfur
Esses fuzis se tornaram tão comuns que uma outra pesquisa do Small Arms Survey, publicada em 2006, mapeou os preços do AK-47 no mercado negro mundial e os relacionou com a violência nos respectivos países
Um dos ditadores africanos mais conhecidos no mundo, Omar al-Bashir governa o Sudão desde 1989, quando chegou ao poder por meio de um golpe de estado
Uma das maiores consequências do sangrento conflito em Darfur é o grande fluxo de pessoas que procuram asilo nos países vizinhos e dentro da própria região de Darfur. Campos de refugiados, mantidos por ONGs e doações de medicamentos e alimentos, se tornaram comuns na área
Nas duas ocasiões, quis falar de sua situação para que "outras mulheres em risco" tomassem conhecimento das opções existentes. É a evolução de quem foi a "menina má" de Hollywood no final dos anos 90
A professora Rita explica que a maioria dos refugiados dos conflitos da África subsaariana não consegue atravessar o Mar Mediterrâneo para tentar chegar à Europa por “não terem recursos para fugir”
— Estamos falando de miseráveis, de um lugar que está esquecido. É o pior IDH da África. Para fugir para a Europa, você precisa ter algum recurso e saúde, condição física para emigrar. Vamos pensar no conflito humanitário da Europa. A mídia fala dos sírios, mas e os africanos? O contingente de africanos que tenta entrar na Europa é enorme. Qual o destaque que se dá? Nenhum
— Essa crise está instalada há muito tempo e não ganha o destaque que vem ganhando hoje a crise de refugiados sírios. Não estou menosprezando o conflito de lá, só quero saber, por que ganha tanto destaque? É bárbaro ver uma criança morta na praia? Sem dúvida. Mas uma em cada três crianças sofrendo de desnutrição profunda no Sudão também é bárbaro
— Tratam-se de ex-colônias desses mesmos países que estão preocupados com a onda de migração. Na Inglaterra, o premier disse que vai acolher apenas os refugiados solicitantes de refúgio, mas vai deportar os demais imigrantes. Ou seja, ele vai receber os sírios, mas não os negros (*Texto: Luis Jourdain, jornalista do R7)

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— Quênia, Etiópia, Uganda, Sudão, Nigéria, Angola, todos produzem vários tipos de armas. A produção deles é mais para uso interno, mas chegam a vender para clientes e países parceiros, com que estão alinhados politicamente
A região de Darfur consiste em um conjunto de Estados localizados no oeste do Sudão, um dos maiores países do continente africano em extensão territorial. Segundo a organização humanitária Human Rights Watch, 6 milhões de pessoas de 100 tribos diferentes moram na área
Muggah afirma também que, no interior desses países, o custo dos fuzis e armas pesadas costuma ser mais baixo do que nas cidades. Ele explica que é mais difícil que um rebelde ou guerrilheiro saia com um AK-47 nas ruas da capital do Quênia, Nairóbi, onde a polícia e o governo têm mais presença, do que no interior do território
A resposta do governo foi dura e violenta. Bombardeios aéreos foram acompanhados por atrocidades cometidas pelo Exército sudanês e pela milícia árabe Janjaweed, a quem os rebeldes acusam de serem financiados pelo governo
Professora de direito internacional e coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Santa Marcelina, Rita do Val classifica a situação em Darfur como “uma barbárie”. Para ela, o conflito pode ser definido como um genocídio
— O governo, que é responsável pela manutenção da paz, está promovendo ações de terror. O exército miliciano Janjaweed é acusado de promover estupros em massa, castração de crianças e homens, sequestro de meninos para compor os exércitos, dentre outros abusos, contra a população de Darfur, que é da mesma etnia que os rebeldes. E há denúncias de que o Exército também estupra
As atrocidades cometidas em Darfur com a suposta chancela do governo fizeram com que o Tribunal Penal Internacional, encarregado de julgar crimes de guerra e contra a humanidade, emitisse um mandado de prisão contra o presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, acusando-o de genocídio
Bashir voltou a figurar no noticiário internacional em junho deste ano, depois que as autoridades da África do Sul não cumpriram a ordem de prisão internacional emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o chefe de estado do Sudão, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade
— O Sudão era uma colônia inglesa que ficou independente na década de 50. Aí tem um problema que é comum na África: você junta no mesmo território populações com etnias diferentes e que pertencem a grupos étnicos antagônicos, como é o caso do Sudão
— No deserto do Quênia, por exemplo, há muitas armas e violência, principalmente entre os grupos tribais, porque há ódio entre as etnias. Há um desejo pelas armas, e a população sente que precisa ter uma para se proteger e também para atacar as outras tribos. Lá, os preços são relativamente baixos, porque você tem a Somália ao lado, que continua instável pela guerra civil, e o Sudão, que fabrica armamentos
Já para o professor do instituto de relações internacionais da Universidade de Brasília, Pio Penna, a motivação para o conflito é, majoritariamente, política. Para ele, a questão étnica vem em segundo plano
— Na minha opinião, o que está por trás desse conflito é o que move quase todos os conflitos na África. Trata-se de uma insatisfação contra a pobreza e o abandono do Estado. Darfur é uma área grande, pobre, periférica e desassistida. Não existem instituições e mecanismos legais de grupos locais para reivindicar seus direitos. Então o que a população vai fazer? Vão pegar em armas, não tem outro jeito
Penna acrescenta os interesses geopolíticos na região à lista de motivos para a falta de solução para o Conflito de Darfur. — O que se diz por aí é que as atrocidades aconteceram porque o Bashir tem o apoio da China. O governo chinês tem ótimas relações com o ditador, e tem interesse no petróleo da região. E qualquer intervenção internacional tem que passar pelo Conselho de Segurança da ONU, o que a China vetaria. Mas ninguém da comunidade internacional se importou muito com a situação de Darfur
Esses fuzis se tornaram tão comuns que uma outra pesquisa do Small Arms Survey, publicada em 2006, mapeou os preços do AK-47 no mercado negro mundial e os relacionou com a violência nos respectivos países
Um dos ditadores africanos mais conhecidos no mundo, Omar al-Bashir governa o Sudão desde 1989, quando chegou ao poder por meio de um golpe de estado
Uma das maiores consequências do sangrento conflito em Darfur é o grande fluxo de pessoas que procuram asilo nos países vizinhos e dentro da própria região de Darfur. Campos de refugiados, mantidos por ONGs e doações de medicamentos e alimentos, se tornaram comuns na área
Nas duas ocasiões, quis falar de sua situação para que "outras mulheres em risco" tomassem conhecimento das opções existentes. É a evolução de quem foi a "menina má" de Hollywood no final dos anos 90
A professora Rita explica que a maioria dos refugiados dos conflitos da África subsaariana não consegue atravessar o Mar Mediterrâneo para tentar chegar à Europa por “não terem recursos para fugir”
— Estamos falando de miseráveis, de um lugar que está esquecido. É o pior IDH da África. Para fugir para a Europa, você precisa ter algum recurso e saúde, condição física para emigrar. Vamos pensar no conflito humanitário da Europa. A mídia fala dos sírios, mas e os africanos? O contingente de africanos que tenta entrar na Europa é enorme. Qual o destaque que se dá? Nenhum
— Essa crise está instalada há muito tempo e não ganha o destaque que vem ganhando hoje a crise de refugiados sírios. Não estou menosprezando o conflito de lá, só quero saber, por que ganha tanto destaque? É bárbaro ver uma criança morta na praia? Sem dúvida. Mas uma em cada três crianças sofrendo de desnutrição profunda no Sudão também é bárbaro
— Tratam-se de ex-colônias desses mesmos países que estão preocupados com a onda de migração. Na Inglaterra, o premier disse que vai acolher apenas os refugiados solicitantes de refúgio, mas vai deportar os demais imigrantes. Ou seja, ele vai receber os sírios, mas não os negros (*Texto: Luis Jourdain, jornalista do R7)

— Quênia, Etiópia, Uganda, Sudão, Nigéria, Angola, todos produzem vários tipos de armas. A produção deles é mais para uso interno, mas chegam a vender para clientes e países parceiros, com que estão alinhados politicamente

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