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Francisco: cardeal argentino é eleito o novo papa

Novo papa vai enfrentar crise do catolicismo, histórico de abusos sexuais e problemas no Vaticano

Internacional|

Os problemas que o novo papa vão enfrentar incluem a reforma da Cúria Romana, a crise de pedofilia e a limpeza do banco do Vaticano
Os problemas que o novo papa vão enfrentar incluem a reforma da Cúria Romana, a crise de pedofilia e a limpeza do banco do Vaticano Os problemas que o novo papa vão enfrentar incluem a reforma da Cúria Romana, a crise de pedofilia e a limpeza do banco do Vaticano

Com uma lufada de fumaça branca da chaminé da Capela Sistina e os vivas de milhares de fiéis encharcados de chuva, uma reunião de cardeais católicos escolheu o novo papa entre eles nesta quarta-feira (13): o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, o primeiro líder da igreja a vir das Américas.

O novo papa, de 76 anos, que adotou o nome Francisco, é o 266º pontífice da Igreja Católica Romana. Ele também é seu primeiro líder não europeu em mais de 1.200 anos, além de primeiro jesuíta a comandar a igreja.

O novo papa foi anunciado no balcão branco na frente da basílica de São Pedro enquanto milhares de fiéis vibravam em júbilo logo abaixo.

"Habemus papam!", membros da multidão gritavam em latim, empunhando guarda-chuvas e bandeiras. "Temos um papa!"

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Outros berravam: "Viva il Papa!".

"Foi como esperar o nascimento de um bebê, só que melhor", disse um romano.

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Uma criança montada nos ombros do pai agitava um crucifixo.

"Pobre homem!", diz irmã do papa

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Ao escolher Francisco, os cardeais mandaram um recado poderoso, de que o futuro da igreja está no sul do planeta, reduto da grande maioria dos católicos do mundo. Uma das preocupações permanentes de seu predecessor, Bento 16, era o crescimento do secularismo na Europa; ele adotou o nome Bento em função do fundador da cultura monástica europeia.

O novo papa herda uma igreja que enfrenta uma série de desafios intensificados no papado de Bento 16, começando pela escassez de padres e a concorrência crescente de igrejas evangélicas no Hemisfério Sul, passando pela crise de abuso sexual que solapou a autoridade moral da igreja no Ocidente e chegando às dificuldades em se governar o Vaticano em si.

Bento 16 pôs fim ao seu problemático papado de oito anos no mês passado, ao anunciar que não estava mais à altura dos rigores do cargo. Ele se tornou o primeiro pontífice a renunciar em 598 anos. Os 115 cardeais com menos de 80 anos e qualificados a votar escolheram seu novo líder após dois dias de votação.

Antes de começar a votação secreta na Capela Sistina terça-feira passada, no encontro fechado conhecido como conclave, os cardeais fizeram uma promessa de sigilo em latim, rito cuja intenção é proteger as deliberações do escrutínio externo — e proteger os cardeais da influência mundana enquanto buscam a orientação divina.

O conclave aconteceu após mais de uma semana de discussões intensas e amplas entre os cardeais do mundo, que debateram os problemas enfrentados pela igreja e seus critérios para o próximo líder.

"Nós conversamos entre nós de um jeito excepcional e livre, com grande verdade, sobre as luzes, mas também a respeito das sombras na situação presente da Igreja Católica", o cardeal Christoph Schonborn, de Viena, teólogo conhecido pelo intelecto e toque pastoral, declarou aos repórteres no começo desta semana.

— A eleição do papa é algo substancialmente diferente de uma eleição política.

Ainda segundo ele, o papel não era o "executivo-chefe de uma multinacional, mas o chefe espiritual de uma comunidade de crentes".

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Na verdade, Bento 16 foi escolhido, em 2005, como zelador após o papado monumental de João Paulo 2º, mas o teólogo tímido pareceu demonstrar pouca inclinação à administração. Seu papado sofreu com crises de comunicação — com muçulmanos, judeus e anglicanos — que, em conjunto com a crise de abuso sexual que ganhou vida na Europa, em 2010, se transformaram numa crise de governança.

Críticos do secretário de Estado de Bento 16, o cardeal Tarcisio Bertone, o acusaram de ter dificuldades em comandar o Vaticano e de parecer mais interessado nos vínculos do Vaticano com a Itália do que com o resto do mundo. O Vaticano está profundamente preocupado com o destino nos cristãos no Oriente Médio assolado pela guerra.

O novo papa também herdará as lutas pelo poder em relação à administração do banco do Vaticano, que deve dar continuidade a um processo visando atender os padrões de transparência mundial ou correr o risco de ser excluído do sistema bancário internacional. Num de seus últimos atos como papa, Bento 16 nomeou um aristocrata alemão, Ernst von Freyberg, novo presidente da instituição.

O novo papa terá de auxiliar a burocracia vaticana — muitas vezes vista como uma casa de marimbondos de italianos rivais — a se tornar mais eficiente pelo bem da igreja. Após anos nos quais Bento 16 e João Paulo 2º ajudaram a consolidar mais poder no alto escalão, muitos católicos liberais também esperam que o próximo papa confira às conferências locais de bispos mais poder para tomar decisões no sentido de reagir às necessidades dos fiéis.

A reforma da Cúria Romana, que comanda o Vaticano, "não é conceitualmente complicada; é difícil no campo político, mas demorará cinco minutos para quem tiver a força. Você se livra do sistema estragado e ponto final", afirmou Alberto Melloni, autor de diversos livros sobre o Vaticano e o Concílio Vaticano 2º. O complicado é saber "se você deseja uma consulta permanente das conferências dos bispos", ele acrescentou.

Para Melloni, a política externa e a visão da igreja em relação à Ásia serão cruciais para o próximo papa.

— Se o catolicismo romano foi capaz de aprender grego enquanto ainda falava aramaico, de aprender celta enquanto ainda falava latim, agora, ou ele aprende chinês ou tchau.

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Antes da eleição de um novo papa, os cardeais falaram que buscavam "um sumo pontífice que compreenda os problemas presentes da igreja" e seja forte o suficiente para encará-los, explicou o cardeal Miloslav Vlk, arcebispo emérito de Praga, que participou das congregações gerais, mas não estava qualificado para votar no conclave.

De acordo com ele, os problemas incluíam a reforma da Cúria Romana, o enfrentamento da crise de pedofilia e a limpeza do banco do Vaticano, o qual tenta cumprir os padrões internacionais de transparência.

"Ele necessita ser capaz de resolver essas questões", disse Vlk enquanto caminhava pelos arredores do Vaticano nesta semana. Ainda segundo ele, o próximo papa precisa "estar aberto ao mundo, aos problemas do mundo, da sociedade, porque a evangelização é a principal tarefa, levar o Evangelho às pessoas".

A crise de abuso sexual continua sendo uma questão problemática para a igreja, principalmente em países de língua inglesa nos quais as vítimas que processaram as dioceses descobriram conviver continuadamente com padres abusadores.

Na quarta-feira, noticiários da Califórnia mostraram que um cardeal eleitor, Roger M. Mahony, ex-arcebispo de Los Angeles, a diocese e um ex-padre fecharam um acordo no valor de quase US$ 10 milhões, referente a quatro casos de abuso sexual infantil, segundo os advogados das vítimas.

Tornar-se papa também tem uma dimensão humana. No dia 18 de fevereiro, num de seus últimos pronunciamentos como papa antes de se aposentar, Bento 16 afirmou que seu sucessor deveria estar preparado para perder parte da privacidade.

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