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Maduro completa um ano de mandato recheado de protestos

Apenas este ano, 41 pessoas morreram e mais de 650 ficaram feridas em manifestações

Internacional|Do R7

Maduro começou seu mandato em 19 de abril de 2013, após a morte de Hugo Chávez
Maduro começou seu mandato em 19 de abril de 2013, após a morte de Hugo Chávez JORGE SILVA/REUTERS

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, completa um ano à frente de um governo que começou em meio a protestos por causa de sua vitória apertada e que continuam agora devido à situação econômica do país.

Maduro começou seu mandato em 19 de abril de 2013, em um contexto político difícil após a morte de Hugo Chávez e entre denúncias opositoras de fraude, após vencer por pouco mais de 200 mil votos uma coalizão antichavista que hoje continua protestando contra o governo, mas com os dois lados sentados em uma mesa de diálogo que busca as soluções que o país reivindica.

O presidente venezuelano não teve trégua nos 12 meses que está à frente do governo. Teve que responder aos questionamentos sobre o resultado do pleito presidencial e a uma situação econômica mais que complicada, com crescimento desacelerado, uma inflação em 56% e um desabastecimento que afeta mais de um quarto dos produtos de consumo.

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Maduro disse nesta semana que a oposição também deveria fazer uma leitura deste tempo e a recriminou pelo "erro" que cometeu há um ano ao pedir para "descarregar a violência contra o povo", expressão que usou para se referir à frase do candidato opositor derrotado Henrique Capriles de pedir que os cidadãos descarregassem a irritação batendo panelas.

— Um erro caro, muito prejudicial e malévolo.


Capriles reivindicou insistentemente, mas sem sucesso, uma revisão dos resultados eleitorais. Após a estreita vitória nas eleições presidenciais e com a economia dando evidentes sinais de fadiga, a oposição apostou no pleito municipal de 8 de dezembro em peça chave para uma mudança, mas o chavismo venceu em cerca de 72% das disputas.

A vitória chavista foi precedida de uma controvertida, mas popular campanha lançada por Maduro contra os preços inflacionados na venda no varejo, sobretudo em produtos como os eletrodomésticos, intervindo inclusive militarmente em uma rede de supermercados para garantir a venda a "preços justos".

Com acusações de "especulação e monopólio", outros produtos se seguiram, como calçados e roupas, na chamada "ofensiva" contra uma "guerra econômica" que Maduro alega que as empresas privadas e a oposição, apoiada por estrangeiros, mantêm na Venezuela com o objetivo de desestabilizar seu governo.

A baixa drástica de preços deu um forte aumento na popularidade do presidente e seu gabinete. "O presidente administrou positivamente [a situação] no sentido de que saiu dessa vitória com muitos pedidos de diálogo", disse o analista político Clodovaldo Hernández.

Por outro lado, para o professor de Ciências Políticas da Universidade Central da Venezuela (UCV) Carlos Romero, este resultado não é atribuível a Maduro, já que, segundo disse, "foi um triunfo do partido governista (Partido Socialista) e até do próprio legado de Chávez".

Fortalecido pelo resultado, Maduro abriu as portas do palácio presidencial à oposição para os "Diálogos de paz", convocados após o assassinato da modelo Mónica Spear, que comoveu a Venezuela.

Para o analista político Alberto Aranguibel, o maior triunfo de Maduro foi "ter conseguido impor o critério da paz". Mas os maus dados econômicos de 2013, somados à insegurança, encorajaram de novo os protestos de setores estudantis, aos quais se somou um grupo de opositores com a postura de pedir pacificamente nas ruas — até que esta aconteça — "a saída" do governo de Maduro.

Os protestos se repetiram em todo o país, assim como os episódios de violência, que deixam um saldo parcial de 41 mortes e mais de 650 feridos.

Esses protestos também deixaram outro dado negativo, o do número de detidos, entre eles vários dirigentes opositores com Leopoldo López, que, garante a oposição, foi acusado de quatro crimes sem uma só prova e por pedir a renúncia do governo.

Além das acusações e recriminações mútuas, um ano depois, o governo e a oposição dialogam sobre como pôr fim à crise, com intermediação da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e até do Vaticano, e com a economia como tabuleiro.

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