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Palestinos dão passo histórico na ONU, mas Israel promete dificultar mais a relação com os árabes

Europeus pressionam Abbas para que não recorra ao Tribunal Penal Internacional, o que será possível caso o país se torne membro observador da ONU

Internacional|Do R7

Em pleno centro de Ramallah, capital da ANP, palesitnos inauguraram uma cadeira simbólica da ONU em setembro de 2011
Em pleno centro de Ramallah, capital da ANP, palesitnos inauguraram uma cadeira simbólica da ONU em setembro de 2011

Os palestinos irão amanhã, quinta-feira (28), à ONU com a intenção de que a Assembleia Geral os reconheça como Estado observador, em um episódio de peso histórico que pode ajudar a dar continuidade ao engessado processo de paz, mas também pode acarretar consequências imprevisíveis em sua relação com Israel.

Apesar das pressões de várias partes até o último momento, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, parece decidido desta vez a conseguir que uma grande maioria dos países do mundo reconheçam pela primeira vez conjuntamente um Estado palestino nas fronteiras de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, segundo as últimas versões da minuta de resolução que ainda estão negociando para apresentar à Assembleia.

Será uma votação de alta carga simbólica, feita no mesmo dia em que, há 65 anos, a plenária da ONU aprovou a partilha em dois Estados do Protetorado Britânico na Palestina, divisão que os árabes rejeitaram e que propiciou meses depois a criação do Estado de Israel.

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Com sua posição enfraquecida diante do protagonismo que o Hamas teve durante a recente ofensiva israelense em Gaza, uma crise financeira na ANP que ameaça asfixiá-la e a solução de dois Estados a ponto de quase se extinguir, sobram poucas alternativas a Abbas para tentar superar o marasmo dos últimos anos, independentemente do recurso da ONU.

Israel já advertiu que a iniciativa palestina poderia ter graves consequências, que vão desde congelar os fundos que arrecada para os palestinos e acelerar a construção de assentamentos até provocar o colapso da ANP e derrubar o próprio Abbas, como propunha o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.


Contudo, a resposta de Israel dependerá em grande parte do uso que os palestinos farão de seu novo status nas Nações Unidas, e especialmente de se decidirem recorrer aos tribunais internacionais para denunciar funcionários israelenses, possibilidade que sua nova condição lhes daria.

O Reino Unido, cujo voto pode influenciar outros países da UE, condicionou na última hora seu voto precisamente a que os palestinos desistam de comparecer ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Fontes palestinas próximas às negociações asseguraram à agência EFE que, embora estejam dispostas a admitir outras questões, "não se aceitará nenhum condicionamento nesse ponto", já que significaria "ceder soberania".

Em todo caso, só o mero fato de comparecer à ONU já provocou mudanças substanciais no panorama do conflito e em posturas que permaneciam estagnadas desde que as negociações de paz ficaram em suspenso, há mais de dois anos.

O próprio Abbas manifestou sua vontade de retomar as negociações "imediatamente depois" da votação da Assembleia Geral, embora do lado israelense provavelmente seja preciso esperar o resultado das eleições gerais de 22 de janeiro para avançar nos eventos.

Os palestinos afirmam que contam até o momento com o voto de 140 dos 193 países-membros da Assembleia Geral e acreditam que conseguirão ainda mais apoios até pouco antes do começo da sessão plenária de quinta-feira.

Entre os que apoiam, está a maioria dos países latino-americanos — com a exceção de Panamá, Colômbia e Guatemala — e praticamente a metade dos europeus, entre eles França e Espanha, além de quase todos dos asiáticos e africanos.

Entre os oponentes, além de Israel, o Estado mais decisivo são os Estados Unidos.

Todo o processo esperou, para se concretizar, a reeleição no início de novembro de Barack Obama, de quem os palestinos esperam um segundo mandato com maior empenho na revitalização do processo de paz e da solução dos dois Estados.

Por enquanto, Washington advertiu que a votação é "um passo atrás" na aspiração palestina de ter um Estado próprio e o Congresso americano ameaçou retirar os fundos de ajuda à ANP.

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