Foi condenado a 14 anos de prisão o fazendeiro acusado de matar o bailarino Igor Xavier em Montes Claros, no norte de Minas. Ricardo Athayde Vasconcellos conheceu a sentença às 20h15 desta terça-feira (27) em Belo Horizonte após dez horas de julgamento. Ele foi considerado culpado por homicídio duplamente qualificado e vai aguardar um possível recurso em liberdade. O filho do fazendeiro, Diego Athayde, foi inocentado, como pedido pelo Ministério Público aos sete jurados. O crime aconteceu há onze anos. Os dois réus ainda foram denunciados por ocultação de cadáver e fraude processual, mas os dois crimes prescreveram. A decisão é considerada um marco para grupos de defesa homossexual, já que teria sido motivado por preconceito de orientação sexual. O réu alegava que se descontrolou quando viu o bailarino bolinando o próprio filho. Para o promotor Gustavo Fantini, entretanto, a reação foi "desproporcional" e o crime teria sido cometido porque Ricardo teria um caso com o bailarino. Ricardo e Diego Athaide foram defendidos pelo ex-secretário de Defesa Social Maurício Campos Júnior, que tentou convencer os jurados a desconsiderarem as qualificadoras de motivo fútil e recurso que impossibilitou defesa da vítima. Segundo a denúncia, o fazendeiro estava com Xavier em um bar no centro da cidade discutindo filosofia quando o convidou a ir até sua casa. Lá, viu o bailarino fazendo carícias no filho, pegou duas armas e disparou à queima roupa. Meia hora depois, teria sido atingido por um tiro na testa. O corpo foi abandonado em uma estrada. A mãe da vítima falou sobre o crime com os jornalistas em um dos intervalos da sessão. — Uma mãe, nesse caso, fica mutilada pra sempre. Ela pode ter 100 filhos mas esse filho que se foi é um pedaço da gente que vai embora.