Enquanto criminosos disputam território, moradores do Aglomerado da Serra enfrentam o fogo cruzado e têm menos acesso a serviços públicos. Ameaçados, os funcionários do Centro de Saúde na Vila Cafezal decidiram não abrir o posto nesta segunda-feira (1º).
Guerra entre gangues no aglomerado da Serra será investigada pela Polícia Civil
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São cerca de 60 profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e agentes comunitários, que começaram a receber recados na última semana de que deveriam ficar longe do posto, segundo Israel Arimar, o presidente do Sindibel, sindicato que representa os servidores da Prefeitura de BH.
— O pessoal que mora na região foi alertado que era melhor não trabalhar porque o "bicho ia pegar". Alguns receberam mensagens em redes sociais avisando sobre o conflito. Não podemos confirmar, mas parecem ter sido mandadas por envolvidos no confronto.
Neste fim de semana, o conflito não deu trégua e a polícia voltou a ter presença ostensiva na comunidade.
— Eles perceberam que é um conflito mais agressivo do que os anteriores, pois as ruas estão vazias e tem gente armada passando nas portas das casas, em lugares que não iam antes. Hoje (1º) combinamos que os funcionários iam se reunir e subir juntos, mas duas que chegaram mais cedo foram recebidas por homens armados que mandaram voltar.
Diante das ameaças, os profissionais decidiram atender os pacientes em um ambulatório perto do Hospital Evangélico, na Serra, por medo de entrar na comunidade. O dirigente sindical critica a postura da PM.
— Falaram que o pessoal pode trabalhar normalmente, que é só chamar se tiverem algum problema. Na avaliação do sindicato e dos profissionais, isso não é garantia. Sabemos que existe uma crise lá e o atendimento só será normalizado quando tiver segurança.
Atendimentos
A secretaria de Saúde informou ao R7 que desde quinta-feira (28) tem realizado reuniões com a Regional Centro-Sul, representantes dos trabalhadores, Sindibel, Guarda Municipal e PM para "acompanhar diariamente a situação na região do Cafezal". Por enquanto, "a decisão do grupo foi manter o Centro de Saúde Cafezal parcialmente fechado para atendimento à população. A medida foi tomada em caráter preventivo". Somente o setor administrativo, portaria e o serviço de "posso ajudar?" foram mantidos. A alternativa para os moradores é procurar o anexo Casa Verde, unidade de apoio do Centro de Saúde São Miguel Arcanjo, ou o Centro de Saúde Nossa Senhora de Fátima até que a situação seja normalizada.
O Centro de Saúde Cafezal atende a um público de cerca de 10 mil usuários cadastrados que moram na Vila Cafezal, Vila Fátima, Vila Marçola e Novo São Lucas. Em média, são 350 consultas por dia.
Prisões
Na última semana, Thiago Augusto Nunes Martins, de 32 anos, considerado um dos chefes do tráfico, foi preso pela PM em uma BMW na Savassi. A partir daí, outros criminosos começaram a disputar espaço pela venda de drogas no morro.
Dois suspeitos foram presos na sexta-feira (29) após intensa troca de tiros entre gangues - Roberto Junio de Jesus, de 27 anos, e Guilherme Henrique Silva, de 22. Uma viatura da foi recebida a tiros, mas ninguém ficou ferido. O tenente coronel Gilmar Luciano explica como os dois foram detidos no hospital.
— Durante a vistoria nos becos, a equipe encontrou um criminoso baleado com uma arma. Foi dada voz de prisão e ele foi socorrido para o Hospital João 23. No pronto-socorro, deu entrada outra pessoa baleada. Ao ser abordado, confessou que é da gangue rival.