Professor intoxicado por cerveja da Backer recebe rim da mulher
Cristiano Gomes, de 47 anos, passou a fazer hemodiálise e teve sequelas neurológicas após consumir bebidas da marca mineira
Minas Gerais|Shirley Barroso, da Record TV Minas
O professor universitário de 47 anos que ingeriu cervejas contaminadas da Backer passa por um transplante de rim, nesta terça-feira (29). A doradora é a própria mulher de Cristiano Gomes, que tem o mesmo tipo sanguíneo do marido.
A vítima chegou ao Hospital Felício Rocho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (28), acompanhada da mulher, a psicóloga Flávia Schayer, e da filha. Flávia conta que ficou emocionada ao saber que poderia ser a doadora.
— Na hora que o laboratório me ligou falando que tinha mandado um e-mail para mim, eu já li tremendo pois falava que eu era compatível. Eu começei a chorar de felicidade.
Após ingerir a cerveja contaminada com o anticongelante dietileoglicol, Gomes ficou internado por 71 dias, sendo 44 deles em uma UTI (Unidade de Terapia Intensia). O professor ficou com sequelas neurológicas e renais.
Os rins de Gomes chegaram a parar de funcionar e ele precisou fazer hemodiálise todos os dias, em casa, confome explica o cirurgião de transplantes.
— Isso causou uma sequela irreversível no rim dele e, com isso, ele perdeu a função. Foi feito um acompanhamento para tentar o resgate dessa função renal, mas sem sucesso.
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O cirurgião ainda afirma que o transplante será uma saída melhor do que as seções de hemodiálise.
— O transplante se mostra uma terapia mais eficaz, mais duradoura e com uma maior expectativa de vida e de qualidade de vida para o paciente.
Segundo o coordenador da equipe que vai realizar o transplante, as expectativas para a cirurgia são as melhores possíveis.
— É uma expectativa muito grande, muito positiva, com o intuito de poder ajudar uma família que está passando por tanta dificuldade neste ano e está conseguindo vencer com um empenho muito grande.
A cirurgia começou por volta das 7h desta sexta-feira e não há previsão para conclusão. A reportagem procurou a Backer para comentar sobre a situação de Gomes, mas aguarda retorno.
Caso Backer
Após cinco meses de investigação, a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito que investigava a contaminação por cervejas da Backer. Segundo a polícia, 10 pessoas morreram e outras 42 pessoas tiveram complicações após consumirem cervejas da marca, em especial a Belorizontina.
Análises da perícia feita nos tanques de produção da bebida na sede da empresa, revelaram que as vítimas foram intoxicadas por duas substâncias tóxicas, mono e dietilenoglicol, em 53 lotes de cervejas, usadas no processo de refrigeração da bebida.
Cerca de 11 pessoas, entre sócios-proprietários e responsáveis técnicos da Cervejaria Backer foram denunciados pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) no início de setembro.