Professora e quatro crianças vítimas de ataque a creche são enterradas
Educadora deixa três filhos, entre eles, um bebê de um ano
Minas Gerais|Pablo Nascimento*, do R7 em Belo Horizonte, com RecordTV Minas
Um clima de tristeza se espalhou por toda Janaúba, no norte de Minas Gerais, nesta sexta-feira (6), dia em que foram enterrados os corpos de quatro crianças e da professora vítimas do vigia que ateou fogo em dezenas de pessoas, em uma creche da cidade. O crime aconteceu na manhã dessa quinta-feira (5) e deixou, até o momento, nove mortos.
Nos velórios das crianças, pequenas multidões de amigos e até desconhecidos se juntaram às famílias tentar dar um pouco de conforto. O primeiro enterro a acontecer, nesta manhã, foi de Ana Clara Ferreira da Silva, de quatro anos.
Os corpos de Ruan Miguel Soares Silva, Luiz Davi Carlos Rodrigues e de Juan Pablo Cruz dos Santos, todos de quatro anos, foram sepultados no início da tarde.
Heroina
No velório da professora Heley Abreu Batista, de 43 anos, o silêncio e homenagens imperavam. Do lado de fora do salão, amigos colocaram fotos da educadora que, mesmo com quase todo o corpo em chamas, voltou três vezes para tentar salvar os alunos no ataque. Um cortejo foi acompanhado por diversas pessoas, no final desta tarde, até o cemitério onde o corpo de Heley foi enterrado.
Helley era casada e deixa três filhos, de 13, 11 e um bebê, de um ano. A professora teve 90 % do corpo queimado e morreu no hospital cerca 11 horas depois da tragédia. Heley começou a trabalhar no Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente neste ano.
Ataque
Segundo testemunhas, o vigia noturno e vendedor de sorvetes Damião Soares Santos, de 50 anos, teria abraçado as crianças com o corpo em chamas, dentro do Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, em Janaúba, na região norte de Minas Gerais. Segundo a Polícia Civil, Santos sofria com problemas mentais como delírios. Apesar disso, o crime teria sido premeditado e não teve relação com a doença.
Para atrair os menores, Santos anunciou que distribuiria picolés para eles. Em entrevista ao R7, o prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB) disse que não havia motivos para barrar a entrada do vigia na escola, uma vez que ele não estava mais afastado. Segundo a polícia, após voltar de férias, Santos não foi trabalhar, alegando problemas de saúde. Na quinta-feira (5), ele foi chamado para conversar com a diretora e realizou o ataque.
Vítimas
Até o momento, nove pessoas morreram. Os últimos dois óbitos, de duas meninas que estavam internadas no Hospital Santa Casa de Montes Claros, foram confirmados na tarde desta sexta-feira. Entre elas, estão sete alunos, o suspeito do crime e a professora Heley de Abreu Silva Batista.
Dos 41 feridos internados, 15 estão em Montes Claros, 13 em Belo Horizonte, e 13 em Janaúba. As vítimas levadas para a capital mineiras foram distribuídas entre os hospitais João XXIII, Hospital Infantil João Paulo II e Hospital Odilon Behrens. Duas professoras estão internadas no João XXIII, que é referência em queimaduras, e passaram por cirurgia durante a tarde. A unidade de saúde vai receber uma banco de pele para transplante nos feridos.
Mortes confirmadas:
Ana Clara Ferreira Silva, de 4 anos
Cecilia Davina Gonçalves dias, de 4 anos
Damião Soares Santos, de 50 anos — suspeito do ataque
Juan Pablo Cruz dos Santos, de 4 anos
Luiz Davi Carlos Rodrigues, de 4 anos
Heley de Abreu Batista, de 43 anos — professora
Renan Nicolas dos Santos Silva, de 4 anos
Ruan Miguel Soares Silva, de 4 anos
Yasmin Medeiros Salvino, de 4 anos
Feridos:
15 internados em Montes Claros
13 internados em Belo Horizonte
13 internados em Janaúba
* Com supervisão de Flávia Martins y Miguel