O baixo nível do rio Paraíba do Sul ameaça deixar parte do Estado do Rio de Janeiro a seco. Sem obras de prolongamento, os captadores que ficam nas margens do rio podem não mais alcançar a água.
Na quinta-feira (22), boletim do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apontou que o Paraibuna, o principal reservatório usado para ampliar a vazão do Paraíba do Sul, chegou ao volume morto.
As outras três represas que compõem o sistema – Santa Branca, Jaguari e Funil – estão também bastante baixas: todas com nível inferior a 4,15%. No total, só há atualmente 1% dos 4,3419 trilhões de litros de água que podem ser armazenados nos reservatórios.
Todas as represas ficam no Estado de São Paulo, que sofre uma crise hídrica desde o início do ano passado. Cerca de 70% da população do Estado do Rio é abastecida pelo sistema.
De acordo com Marilene Ramos, do Centro de Regulação e Infraestrutura da FGV (Fundação Getulio Vargas) e ex-presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), com pouca água nos reservatórios, o volume depositado no Paraíba do Sul tem que ser reduzido, o que faz o rio “encolher”.
— O sistema do Rio de Janeiro é diferente do de São Paulo. A água usada para abastecer as cidades é captada diretamente no rio Paraíba do Sul, e não nos reservatórios. Ou seja: a água das represas é jogada no rio, que fica mais volumoso. Se o rio não for abastecido por essa água, seu nível cai e as margens secam. E corremos o risco de os captadores ficarem na parte seca da margem.
Marilene afirma que todas as esferas de governo devem se unir e iniciar obras urgentes e ampliar os captadores.
— Projeção feita pelo ONS indica que, se nos próximos dois meses chover como no mesmo período do ano passado, precisaremos reduzir a vazão de uma importante bifurcação do Paraíba do Sul, o rio Gandu, que é justamente o responsável por levar água para a região metropolitana.
Marilene critica o fato de as autoridades não terem reduzido a vazão no ano passado.
— Se essa vazão tivesse sido limitada, os reservatórios não estariam em uma situação tão dramática. Mas, por uma questão inclusive de conjuntura política, isso não foi feito. Acabamos desperdiçando o equivalente a uma Cantareira inteira.
Para a especialista, além das obras emergenciais, o governo do Rio deve adotar o sistema de bônus para quem economizar e multa para quem desperdiçar, como em São Paulo.
— Agora, é necessário diminuir o consumo.