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Dois jornalistas são presos no Rio durante cobertura de ação policial no Complexo do Alemão

Jovem trabalham no Voz da Comunidade, veículo popular da capital fluminense

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil, com R7

Jornal comunitário flagrou momento em que policial deteve o jornalista e ativista Rene Silva
Jornal comunitário flagrou momento em que policial deteve o jornalista e ativista Rene Silva Jornal comunitário flagrou momento em que policial deteve o jornalista e ativista Rene Silva

O jovem comunicador e ativista Rene Silva, fundador e editor-chefe do jornal comunitário Voz da Comunidade, do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, foi preso pela Polícia Militar (PM) na manhã deste sábado (1º) enquanto filmava a remoção da Favelinha Skol. Ele foi levado para a 45ª Delegacia de Polícia junto com o midiativista e fotógrafo Renato Moura. Os dois faziam a cobertura da remoção para o Voz da Comunidade.

A denúncia da prisão foi feita ao vivo na página do Facebook de outro comunicador popular da comunidade, Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, que também acompanhava a remoção.

Presidente da organização não governamental Voz da Comunidade, Rene é um dos 30 jovens de até 30 anos escolhidos pela Revista Forbes Brasil como “exemplo de um time que está reiventando um país”.

De acordo com a advogada Eloisa Samy, que esteve na delegacia para representar os jovens, eles foram acusados de desobediência. Eles foram liberados no meio da tarde após prestarem depoimento.

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Na avaliação de Eloisa, houve violação à liberdade de imprensa e censura nas prisões.

— Isso que eu pedi para eles enfatizarem nos depoimentos: deixar claro que atuavam como imprensa.

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No vídeo divulgado nas redes sociais sobre o momento da abordagem policial, os jovens estavam filmando e narrando a remoção, contando sobre a situação dos moradores da favelinha, quando um agente se aproximou e pediu que eles saíssem. O pedido foi recusado. Não há cenas da prisão.

O policial, segundo os jovens, também ordenou que desligassem os equipamentos, para que a remoção não fosse registrada.

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“Um dos policiais arrancou o celular da minha mão e eu fui atrás, nesse momento ele me deu voz de prisão por estar desobedecendo ordem”, escreveu Rene em seu perfil no Twitter.

“Fui algemado e levado para a delegacia para prestar depoimento. Ainda no carro, pediram meu celular, que já estava com eles”, continuou Rene.

Ameaça a comunicadores comunitários

Os comunicadores comunitários de favelas do Rio de Janeiro vêm denunciando censura e ameaças à liberdade de imprensa e expressão por agentes do Estado, policiais ou não, e do tráfico de drogas. No mais recente relatório do Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, de outubro de 2015, constam relatos de ameaças, revistas e até a necessidade de se mudar de casa.

No dossiê, a comunicadora comunitária e coordenadora do jornal comunitário que circula há 16 anos no Complexo da Maré, O Cidadão, Thaís Cavalcante, revela que fazer comunicação dentro das favelas é um desafio e pode acabar colocando a própria vida em risco. “A comunicação que, dentro da favela, é mais delicada do que a que temos em outros lugares. Além de jornalistas, somos moradores. O cuidado é redobrado e tudo nos envolve emocionalmente também”.

Em abril deste ano no Rio, para um encontro entre jovens comunicadores de favelas, Enderson Araújo, do Mídia Periférica, da favela Sussuarana, de Salvador, ex-integrante do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, denunciou ter sido intimidado pela PM, no Alemão. Três policiais portando fuzil revistaram e interrogaram Enderson. À época, notas de repúdio foram publicadas por organizações de defesa dos direitos humanos e de liberdade de imprensa e expressão.

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