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Famílias retiradas da favela da Telerj querem encontro com o Poder Público

Grupo de aproximadamente 150 pessoas continua acampado na frente da prefeitura do Rio

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

Favela foi desocupada ontem, após decisão da Justiça
Favela foi desocupada ontem, após decisão da Justiça Favela foi desocupada ontem, após decisão da Justiça

Cerca de 150 pessoas estão acampadas em frente ao prédio da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, desde a tarde de sexta-feira (11). O grupo fazia parte da ocupação chamada de favela da Telerj, no Engenho Novo, que chegou a reunir 5.000 pessoas em 11 dias, e foi retirado na manhã de ontem em uma ação policial.

O fotógrafo e cinegrafista Rodrigo Moreira, que participou da ocupação desde o começo, diz que o grupo quer ser recebido pelo Poder Público para negociar uma solução de acesso à moradia.

— A gente quer um direito que a Constituição nos dá, que é o direito à moradia, dentro das nossas condições. A gente não quer nada de graça, não quer dinheiro, queremos sentar com eles [o Poder Público] para ver uma proposta e a gente dar dignidade à família, com uma moradia.

Ele diz que morava de favor em um quarto com a esposa e dois filhos, de seis e três anos, depois que perdeu o emprego e não pôde mais pagar o aluguel de R$ 350. Apesar de ter cadastro no Minha Casa, Minha Vida há cinco anos, nunca teve acesso ao programa habitacional, então viu na ocupação uma oportunidade de iniciar um diálogo com o Poder Público.

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— Aquele lugar não era nosso, ninguém é maluco para não saber disso. Mas a gente esperava que o governo do Estado, assim como mandou tropa de choque, mandasse algum defensor público, assistente social, só veio policial civil à paisana, P2 [serviço reservado da Policia Militar], PM, choque, veio tudo, menos o representante do governo em que nós votamos. Eles [os governantes] se acuaram, botaram as pessoas para nos agredir, estamos com vários hematomas, a gente esperava uma conversa dentro de uma paz, não estamos aqui para tomar a vez de ninguém no Minha Casa, Minha Vida.

A babá Caroline de Souza, 20 anos, dormiu com o filho de quatro anos em frente à prefeitura. Ela relata que morava com a mãe, mas como não estava bem com ela, teve que sair de casa. Caroline tem outro filho, de dois anos, que deixou com uma tia.

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— Eu não tenho para onde ir, o dinheiro que tinha para pagar o aluguel onde morava tive que comprar as tábuas para montar meu barraco e agora fiquei na rua. Tinha fogão, botijão, agora sumiu tudo, não consegui pegar nada. Cama, colchão, até a roupa das crianças estava lá [no prédio da Oi].

No local da ocupação, o policiamento está reforçado e o prédio está sendo cercado com tapumes de madeira. O portão de entrada principal foi fechado com um muro de concreto e seguranças particulares não deixam ninguém entrar. Vários caminhões da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana) são vistos saindo pelo estacionamento e ainda há muita madeira dentro, além de objetos como bicicletas, cadeiras e colchões.

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O aposentado Francisco Alberto das Chagas, de 61 anos, voltou hoje de manhã à ocupação para tentar reaver os documentos que ficaram dentro do prédio, mas não conseguiu entrar.

— Ficou lá dentro um saco com documentos e outros utensílios, colchão, outras coisas que não deu tempo de apanhar. Ontem, na hora da desocupação me avisaram que eu podia ir embora e voltar depois para pegar, mas quando voltei estava tumultuado e não me deixaram mais entrar. Retornei hoje e me falaram que era ordem de não deixar ninguém entrar para pegar nada.

Ele diz que foi para o prédio da Oi para sair do aluguel de R$ 350 no Jacarezinho, e estava lá com a esposa, filhos e netos.

— Falaram que iam cadastrar todo mundo, mas na hora do tumulto não veio assistência social, só o choque, jogaram bomba de gás, bala de borracha.

A prefeitura informou que a operação no local está a cargo da Polícia Militar e que a Comlurb está apenas dando apoio, não tendo responsabilidade sobre os objetos retirados do prédio. A assessoria da PM disse também que está apenas dando apoio à operação e que não tem informação sobre o local para onde os objetos serão levados.

Em nota, a prefeitura informou que equipes de assistentes sociais estiveram no local ontem, “mas apenas 177 ocupantes do terreno aceitaram o apoio”. De acordo com a nota, será feito um levantamento para que eles sejam encaminhados a programas sociais.

No confronto de ontem, um rapaz foi gravemente ferido e está em observação no hospital municipal Souza Aguiar, no centro. A Secretaria Municipal de Saúde confirma que Maicom Gonçalves tem um ferimento grave no olho, mas está estável. Ele é avaliado e deve passar por uma cirurgia, ainda sem previsão de data. A secretaria não confirma se o ferimento foi causado por um tiro de bala de borracha.

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