MP denuncia à Justiça manifestantes por morte de cinegrafista no Rio
Fábio Raposo e Caio de Souza estão presos no complexo de Gericinó
Rio de Janeiro|Do R7
O MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) ofereceu denúncia à Justiça contra os manifestantes suspeitos da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes durante um protesto. Santiago Andrade foi atingido por um rojão que teria sido aceso por Fábio Raposo e Caio de Souza, presos no complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio. A denúncia foi feita nesta segunda (17) pela promotora Vera Regina de Almeida, da 8ª Promotoria de Investigação Penal.
O delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), concluiu as investigações na quinta-feira (13) após colher depoimento de um colega de trabalho de Caio Silva de Souza, suspeito de acender o rojão que atingiu o cinegrafista e entregou o inquérito ao MP na sexta-feira (14).
Souza e Fábio Raposo foram indiciados e presos por homicídio doloso (com intenção) qualificado e crime de explosão. O delegado pedirá ainda que as prisões sejam revertidas de temporárias para preventivas. Se condenados, a pena pode chegar a 35 anos.
Um funcionário do Hospital Estadual Rocha Faria, na zona oeste do Rio, que não teve a identidade revelada pela polícia, disse ter ouvido de Caio Silva de Souza a confissão do ato,segundo o delegado Maurício Luciano.
— Após cometer esse ato, ele [Souza] ligou para esse colega e disse que tinha feito uma besteira, tinha matado uma pessoa.
O manifestante trabalhava na unidade de saúde como auxiliar de serviços gerais, empregado por uma empresa terceirizada.
Sobre fotos que circulam nas redes sociais comparando as imagens de Souza na manifestação e do suspeito de acender o artefato, o delegado disse se recusar a comentar o que chamou de "lendas da internet”.
De acordo com Luciano, as imagens obtidas pela polícia e o depoimento do colega de trabalho de Souza são "provas abundantes" de que ele está envolvido na morte do cinegrafista.
Souza disse em depoimento ter sido incentivado por Fábio Raposo a acender o rojão. Entretanto, de acordo com ele, foi Raposo quem acendeu o rojão, enquanto ele segurava. Já Raposo disse à polícia ter somente repassado o rojão para Souza. Segundo a versão dele, Souza acendeu o artefato.
De acordo com o delegado Maurício Luciano, a polícia teve acesso a imagens que mostram que Raposo passou o artefato para Souza, que o colocou no chão. O delegado disse, contudo, que não é possível identificar com certeza quem o acendeu.
Souza também negou ter conhecimento de que o artefato explosivo se tratava de um rojão. Ele disse à polícia acreditar que fosse um sinalizador e que, por isso, não sabia do poder explosivo do artefato.