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Após desfile de blocos, Vila Madalena sofre com poluição sonora e tumulto neste fim de semana

Sujeira e sexo em via pública também estão entre problemas denunciados por moradores

São Paulo|Do R7

Em vídeo, grupo flagrou excesso de decibéis durante a madrugada
Em vídeo, grupo flagrou excesso de decibéis durante a madrugada Em vídeo, grupo flagrou excesso de decibéis durante a madrugada

Moradores da Vila Madalena, reduto boêmio localizado na zona oeste de São Paulo, voltaram a viver “dias de Copa do Mundo” neste último fim de semana. Transtornos semelhantes aos verificados durante o mundial de futebol se repetiram após a passagem de blocos carnavalescos pela área. De acordo com denúncias, na rua Aspicuelta, pessoas teriam ficado “sem controle até às 3h30” da madrugada. Em um posto próximo à rua Bermiro Braga, um “pancadão” improvisado funcionou até o amanhecer.

A revolta foi tão grande que o SOSsego Vila Madalena, grupo formado por moradores e comerciantes do bairro, percorreu ruas com um decibelímetro e mostrou que, em alguns lugares, o som era superior a 80 decibéis. O flagrante foi realizado no período da madrugada e registrado em vídeo.

Conforme a Lei de Zoneamento do município, o limite de ruídos nas zonas residenciais é de 50 decibéis, entre 7 e 22h. Das 22 às 7h, cai para 45 decibéis. Nas zonas mistas, das 7 às 22h, o limite fica entre 55 e 65 decibéis (dependendo da região). Das 22 às 7h, varia entre 45 e 55 decibéis.

Na avaliação do coordenador da SOSsego Vila Madalena, Tom Green, o tumulto não surpreendeu. Ele destaca que a prefeitura foi advertida de que a multidão que a acompanha os blocos na avenida Paulo VI acabaria se deslocando para a Vila Madalena e não dispersando no Largo da Batata, conforme previsto.

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— O discurso de ocupação do espaço público é uma bandeira bonita. Mas o rastro da destruição deixado na Vila Madalena é muito grande. As reinvindicações dos moradores e dos comerciantes foram desconsideradas. Tudo que nós pedimos, eles fizeram, na verdade, o oposto. Aumentaram o número de blocos, os dias das festas [...] É excesso de blocos, excesso de pessoas, excesso de barulho, excesso de bebidas. Não há como manter o controle quando se tem tanta gente e tanta bebida.

O britânico Green, que há 16 anos vive e trabalha no bairro, enfatiza que não é contrário ao carnaval tradicional, mas argumenta que “muitos blocos são patrocinados”. O presidente da Savima (Sociedade Amigos de Vila Madalena), Cássio Calazans, também se posiciona a favor da festa de Momo. Ele, entretanto, faz ressalvas.

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— O carnaval é bacana. Mas o carnaval para brincar. Agora, quando passa do limite, não tem sentido nenhum. Se você andar pela Vila Madalena de madrugada vai ver gente fazendo sexo na rua. É xixi para todo canto. O cara não quer saber de banheiro químico. Eles vão para beber, ficar louco, fazer tudo que tem de errado [...] A Vila Madalena é um bairro de ruas estreitas e, antes de ser boêmio, é residencial e cultural. Estão acabando com a cultura da Vila Madalena. O bairro virou um banheiro a céu aberto.

Calazans afirma não ser contrário aos blocos, mas sugere mudanças no horário dos desfiles que, segundo ele, deveriam ocorrer no período diurno. Assim como Green, ele critica os excessos.

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— Temos que separar o joio do trigo. Não temos nada contra os blocos. Só achamos que tudo em excesso faz mal. Não podemos ter setenta e poucos blocos no bairro. Não podemos ter cinco finais de semana de carnaval.

O presidente da Savima destaca que a maior concentração de blocos na cidade acontece na região da Vila Madalena e de Pinheiros, e que a distribuição poderia ser feita de outra maneira.

— A concentração prejudica os moradores. Temos que pulverizar isso pela cidade. É um bairro de passagem, é residencial. O comércio não gosta desse tipo de coisa.

Calazans acrescenta que o principal transtorno “vem depois”.

— Enquanto houver atrativo, as pessoas vêm para cá. É o atrativo da bebida, dos ambulantes. Os blocos passam e vão embora, e os caras ficam completamente drogados, bêbados até 1h, 2h, 3h, 4h. Neste fim de semana, foi até 5h30. Pancadão com funk. Nada contra funk.

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Ele reclama também da presença de ambulantes não cadastrados e diz que a venda bebidas alcoólicas para menores de 18 anos é frequente.

— Eles ficam vendendo bebida, vendendo vinho químico.

Policiamento

Por meio de nota, a Polícia Militar esclareceu que “realizou o policiamento na região da Vila Madalena para garantir a segurança dos frequentadores e também dos moradores do bairro”.

Informou ainda que, somente nesse final de semana, prendeu mais de dez criminosos por porte e tráfico de entorpecentes e recapturou um procurado daJustiça que estava foragido. Disse ainda que prendeu outros dois criminosos que praticaram furto/roubo na região.

Prefeitura

Em nota, a prefeitura afirmou que "para fazer cumprir a lei, as subprefeituras atuaram em conjunto com a PM e Guarda Civil Metropolitana, principalmente nas regiões da subprefeitura Sé e Pinheiros onde se concentraram a maioria dos blocos. Uma base foi montada na Rua Mourato Coelho, próximo à Rua Inácio Pereira da Rocha, na Vila Madalena. Agentes percorreram as principais vias dos bairros para coibir irregularidades em relação a carros estacionados nas vias, com alto falante.

Houve uma ocorrência registrada por conta de um carro estacionado entre as ruas Fradique Coutinho e Aspicuelta, que recebeu multa de R$ 1.000 por excesso de barulho, além de multa da CET por estacionar em local proibido. No domingo, houve outras duas ocorrências do gênero, registradas uma na Avenida Francisco Morato e outra em um posto na Rua Luis Murat".

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