Câmara aprova comércio de comida de rua em SP
Projeto vai atrair desde churrasco grego e yakissoba até pratos da alta gastronomia
São Paulo|Do R7
Aprovada nesta quarta-feira (27), em segunda votação pela Câmara Municipal, a venda de comida de rua em São Paulo vai atrair, além do churrasco grego e do yakissoba, pratos da alta gastronomia com preços mais em conta. O francês La Casserole, a hamburgueria americana PJ Clarkes e o brasileiro Dalva & Dito, do chef Alex Atala, são algumas das casas que devem ganhar versões informais em "food trucks", furgões móveis agora liberados pelos vereadores. A proposta segue para sanção do prefeito Fernando Haddad (PT).
A proposta foi elaborada na esteira do sucesso das recentes feiras gastronômicas realizadas na Vila Madalena nos fins de semana e durante a Virada Cultural.
Para donos de restaurantes, como Marie France Henry, do La Casserole, que serve alta gastronomia francesa desde 1954 no largo do Arouche, no centro, a permissão é a chance de tornar acessível, a um público maior, pratos consagrados da culinária paulistana.
— É muito interessante poder fazer uma comida sem os custos criados pela estrutura pesada de um restaurante, como garçom, impostos e aluguel. É isso que deixa os pratos tão caros. Sem essa estrutura podemos fazer pratos com preços muito mais acessíveis.
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Um clássico da casa é o coq au vin (galinha marinada no vinho), que deve ganhar uma versão informal de rua.
A legislação em vigor hoje só permite que vendedores de cachorro-quente tenham autorização para trabalhar nas ruas. Mas, desde abril de 2007, nenhuma licença é emitida. Nas feiras livres estão liberados apenas os vendedores de pastéis. Até os sanduíches de calabresa foram proibidos nos estádios de futebol a partir de 2010, por determinação da Vigilância Sanitária. Nos fins de tarde no centro, principalmente na rua Barão de Itapetininga, é comum ver vendedores informais de espetinho correrem da fiscalização da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
A nova proposta define que o vendedor com licença para trabalhar na calçada deve manter 1,2 metro de passagem livre para os pedestres. As 31 subprefeituras vão sortear licenças para a venda de alimentos em furgões. Bebidas alcoólicas estão vetadas. O período da licença será de dois anos, renováveis por igual período. Charles Piriou, sócio e diretor do PJ Clarkes, lanchonete que tem na capital paulista suas únicas filiais fora de Nova York, lista os benefícios do projeto.
— É uma boa forma de interagir com o público de um jeito mais informal, com preços acessíveis, sem os custos operacionais tão caros de um restaurante.
Os hambúrgueres da casa custam mais de R$ 30, preço que será reduzido para a venda na rua.
O chef Alex Atala, um dos principais defensores do projeto, chegou a fazer uma apresentação aos vereadores sobre a importância de levar a gastronomia de qualidade para a rua. Seu objetivo é ter um food truck para servir a galinhada do Dalva & Dito. O governo também espera licenciar barracas de temakis, pizzas, sucos, doces e pipoca, entre outros.
As licenças também vão beneficiar pequenos comerciantes que tentam sobreviver nas ruas de forma ilegal, como Thiago Niza, que tem um furgão onde vende cachorro-quente.
— Já perdi muita mercadoria. Quero entrar nesse projeto e começar a trabalhar com espetinhos. Sempre há agressão nas fiscalizações, é muito difícil trabalhar com essa apreensão.
O projeto, que passou em segunda votação sem objeções nem votos contrários, é assinado pelo líder de governo do PT no Legislativo, Arselino Tatto, e pelos dois principais líderes da oposição, os vereadores Andrea Matarazzo e Floriano Pesaro, ambos do PSDB. O vice-presidente da Câmara, Marco Aurélio Cunha (PSD), e o vereador e empresário Ricardo Nunes (PMDB) também colaboraram na autoria do texto.