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Caso Bianca Consoli: Promotor diz que confissão de Sandro Dota não deve atenuar pena

MP contesta tese de homicídio privilegiado e diz que motoboy "não merece crédito"

São Paulo|Do R7

Em carta, acusado confessou ter matado a cunhada, mas negou estupro
Em carta, acusado confessou ter matado a cunhada, mas negou estupro Em carta, acusado confessou ter matado a cunhada, mas negou estupro

A confissão do motoboy Sandro Dota, que em carta escrita no início de agosto deste ano admitiu ter matado a cunhada Bianca Consoli, não vai alterar a estratégia do Ministério Público durante o novo julgamento do acusado, marcado para segunda-feira (16). Ao R7, o promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior adiantou que seguirá a mesma linha adotada no primeiro júri, adiado no terceiro dia, após o réu desconstituir o advogado de defesa instantes depois de começar a ser interrogado.

Para a acusação, o motoboy assassinou a universitária porque não conseguiu manter um relacionamento sexual consensual com a jovem. O crime aconteceu em setembro de 2011, na zona leste de São Paulo. Ele responde por homicídio triplamente qualificado (meio cruel, motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima) e por estupro.

Defesa diz que vai usar entrevista em que Sandro Dota mente em favor do réu

Quando entrevistado pelo Domingo Espetacular, Sandro Dota disse que matou Bianca durante uma briga. Segundo ele, a estudante teria batido no filho de Daiana (irmã da vítima e mulher do acusado na época do crime) e ele foi até a casa da jovem para tirar satisfação.

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Às vésperas do primeiro julgamento, entretanto, Dota havia dado outra entrevista para a Rede Record, na qual afirmou que nunca tirou a vida de alguém e que “não teria a capacidade de matar um ser humano”.

Na avaliação do promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior, a confissão do motoboy não deverá atenuar a pena.

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— Acredito que não [atenuará], porque a confissão tem que ser espontânea, algo que aponte que a pessoa está arrependida, que está colaborando, que está falando exatamente tudo que aconteceu. Não é o caso. O sujeito está armando uma versão para ficar bem. Ele quis tempo, ele quis adiar aquele júri exatamente para tentar uma versão, construir uma versão para, sei lá, ludibriar os jurados.

Pereira afirma que não se surpreendeu quando Dota admitiu ter assassinado a cunhada e que “não foi uma confissão para se redimir”.

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— Quando o sujeito faz o que ele fez, ou seja, diz que está confessando, na verdade, ele está novamente criando uma estratégia, trazendo uma versão que é melhor para ele, para tentar alguma coisa em seu benefício no processo. Não é: “Ah, agora ele está falando a verdade”. Balela. Ele está jogando.

O representante do Ministério Público diz que não há como fazer uma previsão exata da pena, porque depende da interpretação do juiz, mas espera que ela chegue em torno de 30 anos de reclusão.

Homicídio privilegiado

A atual defesa de Sandro Dota deverá apresentar no plenário a tese de homicídio qualificado privilegiado — quando o autor age sob violenta emoção motivada por uma provocação da vítima. Esta é uma forma de tentar a diminuição da pena. O promotor rebate:

— Quando ele percebeu que a prova contra ele era realmente contundente, resolveu trazer uma versão que está implícita a tese do homicídio privilegiado.

Pereira completa:

— A gente vê isso diariamente no júri. É uma estratégia mais do que comum. A vítima não está aí para se defender, dizer o que aconteceu. Ele [réu] cria uma historinha, fala que foi provocado, xingado, agredido e tenta convencer que foi homicídio privilegiado.

O representante do MP preferiu não revelar como tentará desconstruir a versão no julgamento que começa na segunda-feira, mas enfatizou que não há provas da suposta discussão relatada por Dota.

— De antemão, posso dizer que não há qualquer prova de que houve aquilo que ele está dizendo que aconteceu. Aquela briga, aqueles xingamentos, a questão do enteado, que o enteado teria sido agredido anteriormente. A versão dele é muito ruim. Não tem qualquer crédito. Evidente que a gente vai mostrar isso para os jurados.Ele é um sujeito que não merece crédito.

Crime sexual

Dota nega ter estuprado Bianca, versão considerada “absurda” pelo promotor.

— Temos provas de que os crimes ocorreram no mesmo momento. Então, não tem como desvencilhar uma coisa da outra. Não tem como dizer que ela praticou atos sexuais consentidos, com aquela realidade, com o que foi constatado na perícia médico-legal, ou seja, com lesões daquela natureza, não se pode afirmar que aquilo foi consentido. É absurdo separar as coisas. Não tem como separar o homicídio do estupro. Foram todos no mesmo contexto. Ela sofreu violências que não tem como argumentar que aquilo foi proveniente de ato sexual consentido.

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