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Caso Pesseghini: mesmo sem conhecer vítimas de chacina, advogada luta pela inocência de adolescente

Junto com outras pessoas, ela usa internet para defender "tese" de que garoto não matou família

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Márcia em homenagem na porta da casa onde ocorreu chacina, bancada por integrantes de grupo do Facebook
Márcia em homenagem na porta da casa onde ocorreu chacina, bancada por integrantes de grupo do Facebook Márcia em homenagem na porta da casa onde ocorreu chacina, bancada por integrantes de grupo do Facebook

Desde que viu a notícia da chacina que vitimou a família Pesseghini, em agosto de 2013, a advogada Márcia Regina de Oliveira, 51 anos, foi tomada por um sentimento de inconformismo. Já nas primeiras horas de investigação, as suspeitas recaíram sobre o adolescente Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, filho do casal de policiais militares Andréia e Luis Marcelo. Os três, a avó materna do garoto e a tia-avó foram encontrados mortos dentro de casa, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. As investigações concluíram que o estudante matou os parentes e cometeu suicídio, e o caso acabou arquivado pelo Ministério Público.

Mesmo sem conhecer aquelas pessoas, Márcia nunca aceitou a versão da polícia e, desde o início, tem se manifestado nas redes sociais para defender Marcelo, que ela acredita ser inocente. Via naquele menino um pouco do neto.

— Fiquei impressionada com a situação. Tenho um neto da idade do Marcelinho. Meu neto é um doce. Aquele "garotinho" na tela não tinha nada de assassino. Pensei: “E se fosse com o meu neto? Ninguém iria ajudá-lo?”

A advogada, inicialmente, passou a participar de um dos vários grupos criados na internet a favor do estudante. A ideia era não deixar que o caso caísse no esquecimento.

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— Sou advogada, mas não faço crime. Só podia ajudar levantando a bandeira do “não foi ele”. Entrei para uma das páginas e quando ela ficou abandonada, começamos a criar outros grupos. Poderia ser meu neto e eu não suportaria saber que ninguém fez nada para defender sua memória.

Atualmente, ela interage com responsáveis por páginas sobre o crime mantidas no Facebook e ajuda a administrar uma delas, além de fazer parte de um grupo fechado, com cerca de 50 integrantes, destinado à discussão do caso. A atuação de Márcia não se restringe ao ambiente digital. Ela e outras pessoas que contestam o desfecho da investigação policial  já fizeram várias homenagens às vítimas, colocando flores e cartazes na porta da casa onde ocorreu a chacina.

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— Até hoje, vejo 98% do que escrevem ou vai ao ar sobre o caso. Mantenho o grupo informado com links, pois tem o pessoal que não é do Brasil e só consegue ver as coisas quando postamos no grupo. Todos colaboram com o conteúdo, todos fazem buscas diárias sobre o caso, já conseguimos mostrar para alguns blogueiros que estavam equivocados, que deveriam, pelo menos, aguardar a decisão final da Justiça antes de acusarem o Marcelinho.

Um ano depois, advogada levanta 14 mistérios sobre caso Pesseghini

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Entenda o caso da família morta na Vila Brasilândia

Família foi encontrada morta em agosto de 2013
Família foi encontrada morta em agosto de 2013 Família foi encontrada morta em agosto de 2013

O envolvimento com a história foi tão intenso que a advogada acabou se aproximando dos pais do sargento da Rota Luis Marcelo Pesseghini.

— Conheci os pais do Luis Marcelo, e outros membros da família. Sempre fui recebida com muito carinho. Vi e senti aquela família, e a certeza da inocência [de Marcelo] foi se fortificando.

Ela conta que ficou sensibilizada ao se deparar com o sofrimento dos familiares.

— Eu me coloco na pele da Maria [avó]. Ela amava demais o filho, o neto [...] É uma família muito boa, todos são pessoas íntegras, de coração bom e estão sofrendo demais. Quando olhamos para os pais do LuIs Marcelo, conseguimos ver o que é uma dor sem-fim.

Nesta segunda-feira (23), quando o recurso de apelação apresentado pela advogada Roselle Soglio, que representa os parentes do sargento, estiver sendo julgado no Palácio da Justiça — os avós de Marcelo querem que o caso seja reaberto —, Márcia e outros internautas se reunirão do lado de fora do prédio. Moradora de Sorocaba, no interior do Estado, ela virá a São Paulo especialmente para a ocasião.

— Estamos convidando as pessoas a irem de forma pacífica para ficar em oração. Na verdade, queremos mostrar que não esquecemos o caso. Quem desejar comparecer é bem-vindo, a sugestão é que levem uma flor nas mãos.

Tanto engajamento já foi alvo de piadas, diz a advogada, que destaca a dedicação das pessoas que defendem a "tese" de que Marcelo não é o autor das mortes.

— Nossa luta é diária. Ela já foi ridicularizada por tantos. Muitos nos chamam de loucos, idiotas, desocupados. Não sabem que temos amigas que se levantam uma hora antes do que deveriam só para poder estar presentes nos grupos e depois seguirem para os seus trabalhos. Não imaginam o quanto as pessoas doam de si. É por amor, pois ninguém jamais ganhou nada com isso.

Questionada se acredita em um novo desfecho para o caso, Márcia demonstra confiança.

— Um dia ainda sorriremos e será um riso de alívio! Nada nesta vida pode ficar oculto para sempre. O Universo conspira. Deus não falha.

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