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Com seca no principal reservatório de SP, Copa do Mundo poderá ter falta de água

Especialistas alertam para a escassez hídrica nos meses de junho e julho

São Paulo|Do R7, com Reuters

Obra para bombear água ao lado mais crítico da represa do Jacareí
Obra para bombear água ao lado mais crítico da represa do Jacareí

A principal fonte de abastecimento de água em São Paulo, o Sistema Cantareira, está com o nível abaixo de 10% e especialistas alertam para a possível escassez hídrica durante a Copa do Mundo, que começa no dia 12 de junho.

Diante da falta de chuvas, é grande a possibilidade de municípios que abrigarão seleções durante o mundial enfrentarem falta de água. A análise é do Consórcio PCJ, grupo sem fins lucrativos com usuários de águas das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que ajudam a abastecer a Grande São Paulo por meio do Sistema Cantareira.

O engenheiro e especialista em uso racional da água Paulo Costa faz coro à avaliação. 

— São Paulo enfrentará racionamento de água durante a Copa do Mundo.


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De acordo com o especialista,o racionamento deve ser iniciado antes mesmo do mundial de futebol.

— Estamos em um momento crítico principalmente por conta da falta de investimentos no setor. Desde 2007 já era possível enxergar que, em pouco tempo, a cidade enfrentaria problemas de abastecimento. Infelizmente o problema surge bem no momento da Copa do Mundo.


Nesta quarta-feira (7), o nível de água contido pelas barragens do Sistema Cantareira — que atende quase 9 milhões de pessoas na capital e na região metropolitana — é de 9,6%, o menor índice da história. Em 2003, quando houve racionamento na capital, o Cantareira já estava em estado de atenção por funcionar com menos de 30% de seu potencial.

O coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, defende o racionamento imediato de água.

— Eu já teria fechado o registro, lógico. Porque, na realidade, o grande problema não é nem hoje, é a estação da estiagem normal que vamos enfrentar a partir de maio e junho.

Outros reservatórios

Cálculos feitos pela própria Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) projetam um cenário ainda mais pessimista para o fim do "volume útil" do Sistema Cantareira. A empresa estima que, no pior panorama, a água represada acima do nível das comportas do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas se esgote em 21 de junho, 9 dias após o início da Copa do Mundo.

A capital é abastecida por outros três sistemas: Alto do Tietê, Guarapiranga e Rio Claro. Todos estão com os níveis muito abaixo daqueles registrados no ano passado.

Para poupar a reserva do Cantareira, a Sabesp modificou a origem da água de alguns bairros e remanejou o abastecimento. Desde o fim de fevereiro, os bairros paulistanos Penha, Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Vila Formosa e Carrão, todos na zona leste, deixaram o Sistema Cantareira e passaram a receber água do Sistema Alto Tietê. Com o mesmo objetivo, moradores de parte do Jabaquara e dos bairros Vila Olímpia, Brooklin (zona sul) e Pinheiros (zona oeste) passaram a ser abastecidos pelo Sistema Alto Tietê.

O R7 comparou, mês a mês, o nível médio dos mananciais da região metropolitana. Foi levada em consideração a situação de cada reservatório no dia 1º de cada mês desde 2003.

Os números indicam que abril e maio costumam ser a época do ano em que os reservatórios atingem seu maior patamar. A partir de junho, a situação piora gradativamente, até os meses de novembro e dezembro. A retomada, em geral, ocorre em janeiro. Neste ano, porém, os reservatórios atingiram nível crítico justamente no mês que antecede a estiagem de outono-inverno.

Saad complementa que, com o baixo nível dos reservatórios, vai ficar difícil extrair água.

— Os túneis podem ficar com barro, vão trabalhar pela metade ou menos da metade de sua seção. Isso pode provocar desgaste na estrutura.

Posição do governo

Em março deste ano, o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson Giriboni, garantiu que a Grande São Paulo terá água durante os meses de junho e julho.

A crise no abastecimento fez com que o governo do Estado iniciasse um rodízio noturno, segundo documento da Prefeitura distribuído em abril — a Sabesp nega a prática.

Nos últimos 20 anos, a população do Estado de São Paulo passou por pelo menos três racionamentos nos sistemas Guarapiranga e Alto Cotia, que atendem as regiões sul e oeste da capital e os municípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Cotia e Vargem Grande Paulista.

A Sabesp informa que, nos níveis atuais de chuva, a região metropolitana tem o abastecimento garantido até março de 2015. A companhia afirma também que não há racionamento, rodízio ou restrição de consumo de água em nenhum dos 365 municípios atendidos.

A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos informa que não há programação de racionamento de água na cpaital e que o volume estratégico do Sistema Cantareira é suficiente para abastecimento até meados de 2015.

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