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Conselho de odontologia lança hoje pacote antiviolência para dentistas

Em pouco mais de um mês, dois profissionais foram queimados vivos em assaltos no consultório

São Paulo|Márcia Francês, do R7

Os dentistas Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, e Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foram queimados vivos durante assaltos no consultório
Os dentistas Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, e Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foram queimados vivos durante assaltos no consultório Os dentistas Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, e Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foram queimados vivos durante assaltos no consultório

O Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) vai lançar, nesta sexta-feira (7), um pacote antiviolência para dentistas. A medida é uma tentativa de aumentar a segurança dos profissionais, após a morte de dois dentistas queimados vivos em assaltos dentro do consultório.

O pacote inclui um "aplicativo antipânico" para celulares e computadores, uma cartilha com orientações de segurança e um telefone 0800 para que os profissionais façam denúncias de crimes. Segundo o presidente do Crosp Claudio Miyake, o aplicativo poderá ser usado em momentos de emergência. Ele dispara um alarme em caso de suspeita de assalto no consultório. O botão de pânico, acionado pelo celular ou pelo computador, manda uma mensagem para 12 contatos definidos pelo usuário. A ação tem como objetivo ajudar a polícia a ter uma ação mais rápida.

— Ele é mais um instrumento de um protocolo de segurança que o dentista deve ter. Só o aplicativo não resolve. A gente orienta que quem puder baixe o aplicativo, coloque um monitoramento no consultório, porteiro eletrônico.

Dentista queimado durante assalto revela aumento de crimes brutais em São Paulo

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Esse aplicativo poderá ser baixado gratuitamente pelo site do Crosp no www.crosp.org.br. O presidente do Crosp informou ainda que o recurso foi feito em parceria com a empresa Agentto. Ainda não foi divulgado o quanto foi investido nesse sistema.

Além desse recurso, o conselho também vai lançar uma cartilha com orientações de segurança para os cirurgiões-dentistas. Entre as sugestões deste manual, estão fazer um cadastro dos pacientes que serão atendidos com referências, pedir documentos ao possível paciente, colocar sistemas de monitoramento e não agendar pacientes desconhecidos em horários de pouco ou nenhum movimento.

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Os dentistas também poderão contar com um novo canal de denúncias, agora por telefone, para complementar o que já existe e que é feito por e-mail. O sistema de comunicação chamado "Vamos nos Proteger" funciona desde o início de maio e recebe denúncias por meio do email vamosnosproteger@crosp.org.br, como explica Miyake.

— O 0800 tem o mesmo objetivo, só que ao invés de e-mail vai através de telefone para quem eventualmente não costuma mandar e-mail.

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Até a semana passada, foram feitas 63 denúncias de furtos e assaltos praticados contra dentistas em todo o Estado. 

São José dos Campos

O dentista Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, foi queimado vivo durante um assalto na segunda-feira da semana passada (27). Naquele dia, ele havia ficado até mais tarde para esterilizar equipamentos. O crime aconteceu no consultório em que trabalhava na rua dos Periquitos, na Vila Tatetuba, zona leste de São José dos Campos, cidade a 97 km de São Paulo.

A Polícia Militar foi chamada depois que vizinhos ouviram gritos de socorro da vítima e fogo no interior do estabelecimento. Quando os policiais chegaram, perceberam que havia muita água no chão. Essa foi uma tentativa desesperada de Peçanha em apagar o fogo que atingiu cerca de 60% de seu corpo.

O dentista estava consciente quando a polícia chegou. Ele disse que dois homens entraram no consultório, anunciaram o assalto e, quando ele foi retirar o celular do bolso, jogaram álcool nele. No banheiro, onde o dentista foi queimado, estavam o vidro de álcool e o isqueiro usados no crime.

Logo após o crime, Alexandre Peçanha Gaddy foi levado ao Pronto-Socorro Municipal de São José dos Campos, na Vila Industrial. No dia seguinte, ele foi transferido para o setor de queimados da Santa Casa da cidade onde permaneceu até a quinta-feira da semana passada (30), quando foi novamente transferido, desta vez para o Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo. Ele morreu na última segunda-feira (3).

São Bernardo do Campo

Um outro caso envolvendo uma dentista chocou o País em abril deste ano. Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foi queimada viva durante um assalto dentro de seu consultório, na rua Copacabana, bairro do Jardim Anchieta, em São Bernardo do Campo. De acordo com a Polícia Militar, Cinthya atendia a uma paciente — cujo nome não foi divulgado — quando criminosos apertaram a campainha. Um dos bandidos disse que precisava de atendimento odontológico e a dentista abriu o portão. Logo, mais dois invadiram a casa. A paciente ficou com os olhos vendados durante toda a ação e teve a bolsa, o celular e dinheiro roubados.

Cinthya disse que estava com pouco dinheiro, mas forneceu o cartão do banco e a senha. Os criminosos sacaram R$ 30 da conta da dentista em um banco próximo ao local do crime.

Segundo a paciente, única testemunha do crime, por volta das 12h30, a dentista começou a passar mal e, um dos bandidos, que aparentava ser menor de idade, resolveu encharcá-la com álcool para assustá-la. Segundo informações da polícia, eles queimaram a vítima por não terem conseguido levar mais dinheiro.

De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, a paciente — que não ficou ferida — conseguia ouvir a dentista gritando "não faz isso e pedindo socorro.

— Ela tentou apagar o fogo quando os bandidos fugiram, mas não foi possível. A dentista morreu em menos de três minutos.

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