Convocado pelo juiz, sócio de Gil Rugai deve falar sobre o comportamento “esquisito” do réu
Julgamento do crime que aconteceu em 2004 entra no terceiro dia nesta quarta-feira
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
Considerada pela acusação uma testemunha-chave, o ex-sócio de Gil Rugai, Rudi Otto, foi convocado de última hora para prestar depoimento no julgamento que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. De acordo com o assistente da promotoria, Ubirajara Mangini K. Pereira, nesta quarta-feira (20), terceiro dia de júri, ele vai falar sobre o comportamento “esquisito” do réu.
— O sócio de Gil Rugai é a testemunha-chave do dia. Ele foi ameaçado e desconfiou de Gil por vários motivos: ele viu a arma do crime e suspeitou quando Gil pagou três meses de aluguel antecipado.
Pereira contou que Otto foi arrolado como uma segunda testemunha do juiz Adilson Paukoski Simoni, após a defesa abrir mão de seu depoimento e a acusação considerá-lo importante no júri.
Veja fotos do segundo dia do júri
Defesa tenta tirar Gil Rugai do foco em julgamento
Entre as testemunhas da defesa que serão ouvidas nesta quarta-feira está também o irmão do réu, Léo Rugai. Para o assistente da acusação, o depoimento dele não deve abalar os jurados.
— O Léo, desde o início, alega que o irmão é inocente, mas acredito que os jurados não devem se sensibilizar com isso. O fato de Léo não ter retirado o irmão do inventário é uma questão dele. A verdade é o que está no processo.
Nesta quarta-feira, também deve prestar depoimento outro vigia que estava na rua na noite do crime, Francisco Luiz Valério Alves.
A expectativa do Tribunal de Justiça de São Paulo é de que todas as testemunhas sejam ouvidas ainda hoje. Caso isso aconteça, amanhã, será a vez de Gil Rugai ser interrogado. Esse será o último ato processual antes dos debates, que duram uma hora e meia. Se o promotor decidir pela réplica, a defesa tem direito a tréplica. Nesta etapa, cada lado dispõe de uma hora.
Ao final, os jurados se reúnem em uma sala secreta para decidir se Gil Rugai é inocente ou não. Depois da votação, o juiz estipula a pena do réu, se condenado, e dá sua sentença final.
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e é julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.