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Defesa tenta tirar Gil Rugai do foco, diz acusação no segundo dia de julgamento

Advogados do réu apontaram outras linhas de investigação para o caso

São Paulo|Vanessa Beltrão. do R7

Gil Rugai é acusado de ter matado o pai e a madrasta em março de 2004
Gil Rugai é acusado de ter matado o pai e a madrasta em março de 2004

A defesa do ex-seminarista Gil Rugai tentou levantar outras linhas de investigação para o assassinato do pai do réu, Luiz Carlos Rugai, e da sua madrasta Alessandra de Fátima Trotino, durante o segundo dia de julgamento do acusado. Dentre as hipóteses cogitadas foi a de que o atirador poderia ter cometido o homicídio por estar atrás de um vídeo.

Para o promotor do caso, Rogério Zagallo, as linhas de investigação apontadas pela defesa seriam uma estratégia para tirar o foco do acusado.

— A intenção disso é desvirtuar as luzes do Gil Rugai e estabelecer uma perplexidade nos jurados. De modo que eles na hora de votar, esqueçam que estejam decidindo em relação ao homicídio.

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O questionamento sobre o vídeo veio à tona durante o depoimento do delegado Rodolfo Chiarelli, que investigou o duplo homicídio.

Os advogados do réu Thiago Anastácio e Marcelo Feller utilizaram no plenário uma imagem em que mostra a TV da sala de vídeo da mansão onde morava o casal fora do ar. O aparelho estava no cômodo onde Luiz Carlos teria se escondido antes de ser assassinado.


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Para os defensores, os chuviscos na tela dão a entender que alguém teria retirado uma filmagem. Marcelo e Thiago, porém, não especificaram o conteúdo das imagens e apenas questionaram.


— Nunca passou pela cabeça da polícia que alguém estava atrás de um vídeo?

À pergunta, o delegado se limitou a dizer não.

Já durante o primeiro depoimento do dia, o do instrutor de voo do pai do réu Luiz Carlos Rugai, Alberto Bazai Neto, a defesa disse que faltou à polícia e ao Ministério Público seguir uma linha de investigação ligada ao tráfico de drogas.

Segundo o advogado Thiago Anastácio, o aeródromo de Itu, onde a vítima fazia aulas, era “a principal porta de entrada de cocaína no Brasil”.

Para o assistente de acusação, Ubirajara Mangini, a defesa estaria tentando provar que o processo está repleto de equívocos. Em tom de ironia, ele afirmou:

— Todas as perícias foram erradas. O único correto foi o Gil Rugai. Então, a defesa vai ter que provar isso.

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O segundo dia

O segundo dia do julgamento terminou por volta das 21h20 e durou quase doze horas. A terça-feira começou tumultuada com o depoimento de Alberto Bazai Neto. O clima ficou tenso após as insinuações da defesa sobre o local onde Luiz Carlos tinha aulas de voo ser um ponto de drogas. As indiretas irritaram a promotoria e provocaram um bate-boca entre os advogados do réu e da acusação.

Em seguida, foi ouvido o delegado Rodolfo Chiarelli. O depoimento foi até agora o mais extenso do julgamento e durou cerca de seis horas. O policial disse não ter dúvidas de que Gil Rugai foi o assassino.

O segundo dia terminou após o depoimento do perito Alberi Espindola, primeira testemunha convocada pela defesa de Gil Rugai. Ele foi convidado a prestar uma consultoria sobre o caso. A intenção dos advogados foi tentar apontar novas supostas falhas na perícia.

Relembre o caso

O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.

Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.

O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.

Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.

Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.

As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.

Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.

Rugai responde pelo crime em liberdade e será julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.

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