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Corrupção “no andar abaixo” da Prefeitura de SP faz secretário de Kassab ser chamado para depor

“Foram anos com dinheiro sendo entregue ali”, diz promotor para convocar Mauro Ricardo

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Mauro Ricardo deve ser chamado para depor nos próximos dias pelo Ministério Público de São Paulo
Mauro Ricardo deve ser chamado para depor nos próximos dias pelo Ministério Público de São Paulo Mauro Ricardo deve ser chamado para depor nos próximos dias pelo Ministério Público de São Paulo

O ex-secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo, Mauro Ricardo Machado Rocha, será chamado pelo promotor Roberto Bodini para depor sobre a máfia do ISS (Imposto sobre Serviços) no governo municipal que pode ter lesado os cofres públicos em até R$ 500 milhões. A notícia foi confirmada pelo responsável pelas investigações nesta quarta-feira (13). Na visão de Bodini, o ex-secretário nas gestões de José Serra e Gilberto Kassab tem muito a explicar.

Em depoimento de aproximadamente oito horas na sede no MP (Ministério Público), no centro da capital, na última terça-feira (12), o auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos explicou que o grupo de fiscais envolvidos no esquema de corrupção – que além dele contava com Ronilson Bezerra Rodrigues, Carlos di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre Cardoso Magalhães – guardava o dinheiro da propina recebida de construtoras na sala da subsecretaria de Finanças, no 11º andar do edifício-sede da Prefeitura de São Paulo.

Para Bodini, o fato do esquema funcionar durante anos, no andar abaixo de onde Rocha despachava, reforça a necessidade de ouvir o ex-secretário, seja por “ciência ou omissão” diante dos fatos investigados até o momento.

— Eles montaram, naquela sala do 11º andar, na sede da prefeitura, um QG (quartel-general) para arrecadar dinheiro. A gente estava até comentando, o gabinete praticamente funcionou como “subsecretaria de receita pessoal”. Eles recebiam dinheiro para eles, de propina para eles. Com essa confirmação, nós também deveremos prosseguir na investigação a respeito da ciência do secretário. Porque, se não por ação, na sua omissão. Foram anos, com dinheiro sendo entregue naquele local, no andar abaixo ao seu local de trabalho, dentro de um prédio público.

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O promotor estranhou que uma movimentação envolvendo quantias vultuosas, em dinheiro vivo, pudesse passar tão despercebida por todos na pasta das Finanças. O fato de Ronilson, tido até aqui como comandante do esquema, ser subordinado direto de Rocha, torna a posição do ex-secretário de Kassab bastante delicada.

— (Eram) R$ 60 mil, R$ 90 mil, R$ 100 mil por semana em dinheiro, que era guardado dentro do armário da subsecretaria. Ele fala que quando o Ronilson saía de férias, os pagamentos continuavam. Os envelopes com dinheiro eram guardados em um armário dentro da subsecretaria até que o Ronilson voltasse e reassumisse as suas funções. Ele (Rocha) vai ser chamado para explicar, vai ter que explicar, se não pela ação, pela omissão, porque ele era o superior direto do Ronilson. Se não por ter ciência, vai ter que explicar porque não tinha ciência.

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Desde a divulgação das investigações sobre o caso, Mauro Ricardo Machado Rocha destacou não ter qualquer envolvimento ou conhecimento das fraudes no ISS durante o período em que ocupou a secretaria. Diante do envolvimento de Ronilson no caso, o ex-secretário disse ter se sentido “traído” pelo então subordinado, aproveitando ainda para defender a sua conduta no arquivamento de uma denúncia anônima, feita contra o grupo de auditores, em 2012.

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