Especialista descarta sabotagem de caixa-preta no voo que matou Eduardo Campos
Investigadores concluíram que equipamento não funcionou no dia do acidente
São Paulo|Thiago Calil, do R7
Os especialistas em aviação são unânimes em dizer que as caixas-pretas são equipamentos seguros. Mesmo assim, segundo o Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o aparelho não registrou os dados do voo que caiu em Santos (SP) na última quarta-feira (13), matando o candidato à Presidência da República Eduardo Campos e outras seis pessoas.
Apesar disso, o especialista Décio Simões descarta a possibilidade de sabotagem. Membro do Fórum Brasileiro para o Desenvolvimento da Aviação Civil, ele afirma que é impossível alguém ter acesso ao equipamento.
— Se não os pilotos poderiam, por qualquer motivo, simular uma pane e eliminar gravações. É um sistema inviolável.
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Segundo o Cenipa, ainda “não é possível, até o momento, determinar a data dos diálogos registrados no CVR, tendo em vista que esse tipo de equipamento não registra essa informação. As razões pelas quais o áudio obtido não corresponde ao voo serão apuradas durante o processo de investigação”.
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Para Décio Simões, houve uma pane no gravador de voz.
— É um equipamento eletrônico, um sistema automático que vai gravando sem parar. Ele vai apagando os dados anteriores e guarda os últimos minutos. Por alguma razão, ele deixou de gravar.
O professor Alvaro Martins Abdalla, da Escola de Engenharia da USP-São Carlos, destaca que alguns modelos de gravadores de voz CRV podem, sim, ser desligados durante o voo. Mas, em caso de acidente, o equipamento tem um dispositivo para não apagar a conversa gravada.
— Na maioria das aeronaves comerciais há um disjuntor para o gravador de voz CVR. Toda vez que ocorrer um incidente durante um voo, o disjuntor é puxado e isso mantém a conversa de cabine pertinente no registro.
O avião Cessna 560XL caiu no bairro do Boqueirão, em Santos, quando o piloto fazia uma manobra após arremeter. Além de Campos, morreram os assessores Pedro Valadares e Carlos Augusto Percol, o cinegrafista Marcelo Lira, o fotógrafo Alexandre Severo e os pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha.