Gil Rugai disse que "seria mais feliz" se pai morresse, afirma promotor durante julgamento
Justiça decide hoje se ex-seminarista será condenado ou absolvido por morte de pai e madrasta
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
O promotor do caso Gil Rugai, Rogério Zagallo, afirmou que um funcionário da Referência Filmes — produtora do pai da vítima — disse, em depoimento, que durante uma conversa com Gil Rugai sobre o gosto de Luis Carlos Rugai por motos, o ex-seminarista teria dito, em tom de ironia: "Seria mais feliz se meu pai morresse".
A afirmação foi feita na manhã desta sexta-feira (22) durante debate entre defesa e acusação no Fórum Criminal da Barra Funda, onde acontece o julgamento.
Em sua fala, Zagallo tentou mostrar aos jurados que o réu “tem personalidade dupla” e que “transita entre a psicopatia e a normalidade”. Para isso, ele usou depoimentos de funcionários da empresa Referência Filmes e amigos do ex-seminarista.
“Espero que ele saia condenado e preso do plenário”, diz advogado
Relembre o caso Gil Rugai em fotos
O júri entrou no quinto dia nesta sexta-feira (22) e começa com os debates entre defesa e acusação.
Durante a primeira meia hora de sua exposição, Zagallo exibiu um vídeo em que mostra a chegada de Rugai com sua mãe na manhã do dia seguinte ao crime, na casa de Luis Carlos Rugai. Em seguida, o promotor leu parte do depoimento de um dos investigadores da polícia que esteve na cena do crime. De acordo com o agente, ao chegar à casa, o jovem perguntou se o pai e a madrasta haviam sido mortos por uma mesma arma e fez outros questionamentos sobre balística. Isso teria impressionado o investigador.
— Pergunto a vocês: Quem se preocupa com balística quando acabou de saber que o pai estava morto?
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e está sendo julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por estelionato, em razão do desfalque dado na produtora do pai.