Grupo que queimou dentista no interior de SP não tinha intenção de matar, diz polícia
Ao todo, cinco foram identificados — três são adolescentes, segundo secretário de Segurança
São Paulo|Do R7, com Rede Record
Após a prisão de dois homens suspeitos de participação na morte do dentista Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, o delegado da seccional de São José dos Campos, interior de São Paulo, Leon Nascimento Ribeiro, informou que a quadrilha responsável pelo assalto realizava roubos na região e não tinha intenção de matar Gaddy. Segundo a polícia, ao todo cinco pessoas teriam envolvimento no crime, sendo três adolescentes.
A vítima teve 60% do corpo queimado durante um assalto ao consultório onde trabalhava, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, no dia 27 de maio deste ano.
Em entrevista coletiva concedida pelo delegado na tarde desta quinta-feira (27), a polícia informou que chegou aos suspeitos após depoimento de uma garota de 15 anos. Ela mora perto do consultório do dentista e, inicialmente, foi ouvida como testemunha. No entanto, a jovem confessou participação no crime e apontou os outros envolvidos. Segundo o delegado, os dois detidos não confessaram participação no crime. Todos os adolescentes já foram identificados, mas nenhum foi apreendido.
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De acordo com a investigação policial, um dos suspeitos presos, identificado como Pateta, seria o líder da quadrilha. No dia do assalto, duas adolescentes ficaram dando cobertura do lado de fora, enquanto mais um menor de idade e o outro suspeito detido entraram no consultório. Os dois pediram dinheiro, jogaram álcool na vítima e ficaram com o isqueiro próximo ao dentista para intimidá-lo. Quando Gaddy começou a pegar fogo, o grupo fugiu.
Os criminosos teriam escolhido o consultório de Gaddy aleatoriamente ao ver que o portão estava aberto e que a luz estava acesa. Segundo o delegado, caso a participação no crime dos dois suspeitos presos seja confirmada, eles serão indiciados por latrocínio e podem ser acusados também de corrupção de menores.
O caso
Gaddy morreu no dia 3 deste mês.Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo. No dia do assalto, o dentista havia ficado até mais tarde no consultório para esterilizar equipamentos.
A Polícia Militar foi chamada depois que vizinhos ouviram gritos de socorro de Gaddy e viram fogo no interior do estabelecimento. Quando os policiais chegaram, perceberam que havia muita água no chão. Essa foi uma tentativa desesperada do dentista em apagar as chamas.
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A vítima estava consciente quando a polícia chegou. Gaddy disse que dois homens entraram no consultório, anunciaram o roubo e, quando ele foi retirar o celular do bolso, jogaram álcool nele e atearam fogo. No banheiro, onde foi queimado, estavam a embalagem do produto e o isqueiro usados no crime.
Alexandre Peçanha Gaddy foi levado ao Pronto-Socorro Municipal de São José dos Campos, na Vila Industrial. No dia seguinte, foi transferido para o setor de queimados da Santa Casa da cidade onde permaneceu até o dia 30 de maio, quando foi novamente transferido, desta vez, para o Hospital Albert Einstein.
São Bernardo do Campo
Outro caso envolvendo uma dentista chocou o País em abril deste ano. Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foi queimada viva durante um assalto dentro de seu consultório, na rua Copacabana, bairro do Jardim Anchieta, em São Bernardo do Campo. De acordo com a Polícia Militar, Cinthya atendia a uma paciente — cujo nome não foi divulgado — quando criminosos apertaram a campainha. Um dos bandidos disse que precisava de atendimento odontológico e a dentista abriu o portão. Logo, mais dois invadiram a casa. A paciente ficou com os olhos vendados durante toda a ação e teve a bolsa, o celular e dinheiro roubados.
Cinthya disse que estava com pouco dinheiro, mas forneceu o cartão do banco e a senha. Os criminosos sacaram R$ 30 da conta da dentista em um banco próximo ao local do crime.
Vítima pediu para não morrer antes de ser queimada viva, informa delegado
Segundo a paciente, única testemunha do crime, por volta das 12h30, a dentista começou a passar mal e, um dos bandidos, que aparentava ser menor de idade, resolveu encharcá-la com álcool para assustá-la. Segundo informações da polícia, eles queimaram a vítima por não terem conseguido levar mais dinheiro.
De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, a paciente — que não ficou ferida — conseguia ouvir a dentista gritando "não faz isso" e pedindo socorro.
— Ela tentou apagar o fogo quando os bandidos fugiram, mas não foi possível. A dentista morreu em menos de três minutos.