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"Indícios são de grupo de extermínio", diz Conselho de Direitos Humanos sobre morte de jovens da zona leste

Amigos e motorista estavam desaparecidos e corpos foram encontrados no último domingo (6)

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Corpos dos cinco desaparecidos foram encontrados em um matagal de Mogi das Cruzes neste domingo (6)
Corpos dos cinco desaparecidos foram encontrados em um matagal de Mogi das Cruzes neste domingo (6)

Após a polícia encontrar, em um matagal de Mogi das Cruzes neste domingo (6), os corpos dos cinco jovens que desapareceram na zona leste de São Paulo, todos com sinais de execução, o integrante do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) Ariel de Castro Alves afirma que “os indícios são de atuação de um grupo de extermínio”.

— Esses grupos costumam agir impunemente, cometem chacinas que acabam não sendo esclarecidas e é claro que isso favorece também essa sensação de impunidade. Claramente foi uma chacina.

Alves afirma que existe a possibilidade de os assassinos serem membros da Polícia Militar de São Paulo, uma vez que as cápsulas das armas encontradas perto dos corpos dos jovens são de pistolas .40 — de uso restrito das Forças Armadas. Rastreamento feito pela Corregedoria da Polícia Militar confirmou que algumas das cápsulas fazem parte de um lote de munição que foi comprada pela PM.

Em nota divulgada na última segunda-feira (7), a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou, porém, que exames preliminares indicaram que as vítimas foram atingidas "por balas de calibre 38 e uma de calibre 12" (leia a nota na íntegra abaixo).


O membro do Condepe diz que os jovens “teriam sido executados sumariamente” e que o assassinato teve “requintes de crueldade”. Alves esteve IML (Instituto Médico Legal) na última segunda-feira (7) e explicou que quatro corpos tinham marcas de tiros e que o corpo de Robson, que era cadeirante, tinha marcas de facadas.

Castro lembra do áudio de WhatsApp que uma das vítimas mandou para uma amiga, dizendo que tinha sido parado pela polícia. Na mensagem, ele diz: “Ei, tio. Acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia tá me esculachando”. Para ele, é mais um indício da participação de policiais nas mortes. Porém, diz que “ainda é prematuro” concluir qualquer teoria.


Ontem, ele encontrou com a família das vítimas no IML e relatou que os parentes “desconfiam muito da ação policial”. Todos estão muito abalados com a notícia das mortes.

— Foram mais de 15 dias e eles não tinham expectativas, mas, de qualquer forma, ainda esperavam um desfecho menos trágico.


Agora, Alves diz que vai continuar em contato com as famílias e moradores da região para que apareçam novas testemunhas do caso. Caso necessário, a pessoa poderá entrar no programa de proteção à testemunha “para que pessoas possam colaborar”, diz.

— Pessoas que tenham informações podem procurar a ouvidoria ou o conselho estadual de direitos humanos. Quem tem informações de ameaças são importantes para esclarecer a autoria [do crime].

Para o defensor dos direitos humanos, as pessoas que cometeram o crime planejaram toda a ação, pois os jovens foram enterrados em uma vala com cal, que acelera o processo de decomposição. Por conta disso, ele diz que “todos [os corpos] estariam irreconhecíveis”.

O IML aguarda, nesta terça-feira (8), que as famílias dos três jovens que ainda não foram oficialmente identificados levem exames das vítimas, como exames de raio-X. Dois corpos já foram reconhecidos. Um deles é de Robson, que usava fraldas e tinha uma prótese na coluna. Outro, era de Caíque, que tinha uma prótese na tíbia.

Leia abaixo a nota na íntegra:

"A SSP informa que dois dos corpos foram identificados como integrantes do grupo que desapareceu na região de Ribeirão Pires pela planilha de impressão digital. Os primeiros exames feitos pelo núcleo de antropologia do IML mostram que eles foram atingidos por balas de calibre 38 e uma de calibre 12. Não foi possível identificar os outros três corpos pelos exames antropológicos e eles serão submetidos a confronto de DNA. O caso segue em investigação pelo DHPP e com IPM instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar. O TJM decretou segredo de Justiça."

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