Investigador relembra que Bianca "morreria tentando escapar de estupro"
Vítima fez declaração para familiares durante reportagem que via na TV
São Paulo|Ana Cláudia Barros e Fernando Mellis, do R7
O investigador de polícia Maurício Silva Vestyik, terceira testemunha a ser ouvida durante o júri do caso Bianca Consoli, encontrada morta em casa em 2011, relembrou durante o seu depoimento, no Fórum Criminal da Barra Funda, uma passagem em que a vítima afirmou que morreria tentando escapar de um possível estupro, tempos antes de ser assassinada.
O policial disse que, certa vez, reunida com os parentes enquanto assistia à televisão, Bianca viu uma notícia de um tio que havia estuprado a sobrinha. Ela teria comentado com esses familiares que morreria tentando escapar de uma situação como essa.
O advogado Ricardo Martins, responsável pela defesa de Sandro Dota, acusado pelo crime, perguntou ao investigador quantas pessoas foram consideradas suspeitas. Vestyik respondeu que um ex-namorado, André (que morreu em um acidente), a então namorada de André, um vizinho, o padrasto, o irmão e um amigo foram considerados.
Questionado se havia descartado todos, o policial disse que todos os suspeitos falaram onde estavam e que as informações foram confirmadas. Além disso, foram colhidas digitais de todos os suspeitos, sendo que Dota foi o único que não quis fornecer as impressões das palmas das mãos.
Segundo depoimento
A delegada Gisele Priscila Capello Lelo afirmou, no segundo depoimento do dia, que o crime foi motivado pelo interesse sexual não correspondido que o acusado tinha por Bianca. Ela disse que chegou à conclusão com base nos depoimentos de testemunhas que ouviu durante as investigações.
Gisele afirmou ainda que o motoboy tinha comportamento agressivo e mulherengo. Os relatos de testemunhas, contou a delegada, mostraram que o acusado sempre dava em cima de outras mulheres.
Primeiro depoimento
A mãe de Bianca Consoli, Marta Consoli, foi primeira testemunha a ser ouvida no júri do caso Bianca, que teve início nesta terça-feira (23). Segundo Marta, o filho de Daiane Consoli — irmã da vítima e com quem Sandro era casado na época do crime — contou à família que o motoboy o sufocava com um travesseiro de "brincadeira". Além disso, ela contou que Sandro dava banho no menino — hoje, a criança está com 12 anos.
Em seu depoimento, a mãe de Bianca contou que Dota forçava os enteados a chamá-lo de pai e que passou a acreditar 100% que o acusado era culpado do crime, quando a calça do motoboy passou por perícia. Marta afirmou ainda que, depois do crime, soube que Dota assediava várias mulheres no bairro, além de sua filha Bianca.
O crime
O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela, caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.
Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela jovem, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus.
Dentro da garganta da jovem, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a estudante.
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As investigações apontaram o motoboy Sandro Dota, cunhado da vítima, como o suposto autor do crime. Ele está preso desde o dia 12 de dezembro de 2011.
O motoboy nega as acusações e se diz inocente. Em julho do ano passado, ele foi para o Complexo Penitenciário de Tremembé, a 147 km de São Paulo. Dota alegou ter sofrido ameaças de morte no Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde estava. Por este motivo, a Justiça teria determinado sua transferência.
Em agosto do ano passado, a acusação de estupro foi incluída no processo contra Sandro Dota. A defesa do réu, entretanto, nega o crime e diz que o laudo do legista é inconclusivo. Para a polícia, o crime teve motivação sexual.