Justiça de SP manda chefes do PCC para a 'tranca-dura' e polícia se prepara para possíveis retaliações
Marcola e mais 12 são levados a presídio linha-dura onde ficam 23h por dia trancados na cela
São Paulo|André Caramante, da TV Record
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou nesta quarta-feira (14) a internação de 13 detentos apontados como integrantes da cúpula da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no sistema RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (a 589 km da capital), considerada a prisão mais rigorosa do Estado, onde os presos passam 23 horas trancados nas suas celas e não têm contato físico com visitantes. Eles foram transferidos hoje mesmo.
Após a decisão, o Setor de Inteligência da Polícia Civil detectou, por meio de informantes e de escutas telefônicas, que os membros de PCC nas ruas receberam um “salve” (recado) para possíveis ataques contra membros das forças de segurança como forma de retaliação contra a internação dos chefes do grupo criminoso no CRP de Presidente Bernardes.
Há pelo menos dez dias, as autoridades da Segurança Pública em São Paulo entraram em estado de alerta por conta da transferência dos detentos para o CRP de Presidente Bernardes.
A internação dos detentos apontados como membros da chefia do PCC foi solicitada pela Polícia Civil em Presidente Venceslau (a 629 km da capital) e teve aval do núcleo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual, na cidade.
As duas instituições foram as responsáveis pela Operação Ethos, realizada durante um ano e meio e que, entre novembro e este mês, resultou na decretação da prisão preventiva de 39 advogados (quatro deles atualmente foragidos), do então vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), órgão da Secretaria da Justiça de SP, Luiz Carlos dos Santos, e dos 14 membros do PCC, todos já presos, agora transferidos para o CRP de Presidente Bernardes.
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Os detentos apontados pela Polícia Civil e pelo Gaeco em Presidente Venceslau como chefes do PCC transferidos para a prisão com sistema mais rigoroso são:
1) Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola)
2) Antonio José Muller Junior (Granada)
3) Paulo César Souza Nascimento Júnior (Paulinho Neblina)
4) Paulo Pedro da Silva (PP)
5) Paulo Felipe Esteban Gonzalez (Paulinho Teco-Teco)
6) Airton Ferreira Silva (Tico-Preto)
7) Wilber de Jesus Mercês (Ralf)
8) Marcos Paulo Ferreira Lustosa (Mandrova)
9) Daniel Vinicius Canônico (Cego)
10) Marcio Domingos Ramos (Gaspar)
11) Eric Oliveira Farias (Eric Gordão)
12) Valdeci Francisco Costa (CI, Dr. Pedro ou Ariel)
13) Cleber Marcelino Dias dos Santos (Clebinho, Rian ou Tomaz)
Outro integrante do PCC, Abel Pacheco de Andrade, conhecido como Vida Loka, já havia sido transferido para o presídio de Porto Velho (RO).
Segundo Marco Antônio Ferreira Lima, procurador de Justiça Criminial, "haverá ainda mais pressão [por conta da determinação da Justiça em mandar os chefes do PCC para o RDD]". "A desonestidade vestiu a máscara do cinismo e ela muito bem se amolda aos mais mordazes objetivos. Mas há promotores. Ainda há juízes", disse Lima.
Quando foram interrogados pela Polícia Civil durante a Operação Ethos, a maior parte dos 14 detentos disse não pertencer à facção criminosa PCC e também não manter relação criminosa com os 39 advogados que, de acordo com a investigação, faziam parte do setor “R” (de recursistas) do grupo.
Até a determinação da transferência para o CRP de Presidente Bernardes, a maioria dos 14 detentos apontados como chefes da facção criminosa PCC estava detida na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.