Perícia aponta manipulação em vídeo de Pesseghini, diz família
Menino foi apontado com assassino da família em chacina ocorrida em 2013
São Paulo|Dinalva Fernandes, do R7
Os avós paternos de Marcelo Pesseghini, apontado pela polícia como autor da chacina que vitimou um casal de policiais, pais de Marcelo, e mais duas mulheres da família, afirmam que vão recorrer à CIDH (Comissão Internacional Interamericana de Direito Humanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos) para que o Brasil reconheça o adolescente como vítima. Segundo a versão da polícia, Marcelinho, de 13 anos, teria matado os familiares e cometido suicídio depois.
O pedido tem como base um novo laudo que, segundo a advogada da família, aponta que o vídeo em que o menino aparece saindo de um carro após o crime foi manipulado.
A Polícia Civil concluiu que Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini matou o pai, a mãe, a avó e a tia-avó, e cometeu suicídio. O sargento da Rota Luiz Marcelo Pesseghini, a cabo da PM Andréia Bovo Pesseghini, a mãe de Andréia, Benedita Oliveira Bovo, e a irmã de Benedita, Bernardete Oliveira da Silva, foram encontrados mortos, ao lado do corpo do garoto, em 5 de agosto de 2013, na casa da família. O caso é considerado encerrado pela polícia.
Um vídeo que mostrava Marcelinho indo à escola, supostamente após o crime, indicou que ele teria cometido o crime pela manhã e cometido o suicídio somente ao voltar para casa depois da aula.
Segundo a advogada Roselle Soglio, as imagens da câmera de segurança não foram periciadas durante a investigação do caso. O material, então, foi encaminhado para o perito americano Mark Andrews, da Law Enforcement and Emergency Services Video Association, que concluiu que o relógio da gravação pula de 6:24:41 para 6:24:43.
— Faltam segundos da gravação que poderiam ter mudado o rumo das investigações. Além disso, há um vulto nas imagens que seria uma pessoa. Não estamos apontando nenhum culpado, mas queremos mostrar que a investigação foi falha. Na época, apontei o vulto para as autoridades policiais, mas não quiseram periciá-lo.
Um ano depois, advogada levanta 14 mistérios sobre caso Pesseghini
Internautas criam abaixo-assinados para defender inocência de Marcelo Pesseghini
A advogada afirma ter entrado com pedido de federalização do caso, que foi arquivado pela polícia. Se aceito, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) pode pedir a reabertura da investigação. Independentemente da resposta, ela vai entrar com pedido na OEA.
— Com a resposta da procuradoria, nós vamos entrar com pedido oficial junto à OEA pedindo a condenação do Estado brasileiro para reconhecer o Marcelo como vítima. Também queremos a reabertura do caso para conseguir chegar à autoria do crime.
Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou, em nota enviada às 16h36, que "o inquérito policial foi relatado em maio de 2014 e qualquer manifestação sobre o assunto caberá ao Poder Judiciário. A conclusão sobre o caso, respaldada nos laudos técnicos periciais, nos depoimentos e provas coletados, confirmou a tese inicial de homicídio seguido de suicídio."
Advogada da família reforça tese de que Marcelo tentou se defender antes de morrer