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Quatro presos em protesto contra aumento de passagens são transferidos para Tremembé

Eles foram autuados por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano ao patrimônio

São Paulo|Do R7, com Agência Record

Ao menos 242 pessoas foram detidas em protesto contra aumento das passagens
Ao menos 242 pessoas foram detidas em protesto contra aumento das passagens

As quatro pessoas que ainda estão detidas, após o quarto protesto contra o aumento das passagens do transporte público, foram transferidas para a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Eles foram presos, sem direito a pagamento de fiança, por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano qualificado ao patrimônio.

A polícia deteve ao menos 242 pessoas nesta quinta-feira (13) durante a manifestação. De todos os detidos, 202 foram levados ao 78º Distrito Policial (Jardins), outros 37 para o 1º DP (Liberdade) e mais três foram ouvidos no 4º DP (Consolação). Segundo a Polícia Civil, do total, 238 foram ouvidos e liberados durante a madrugada. Dessas, quatro assinaram um termo circunstanciado antes de serem soltas — três por tráfico de drogas (carregavam trouxinhas de maconha) e uma por resistência à prisão.

Feridos

Integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) começaram, por volta da meia-noite, uma ronda pelos principais hospitais da região central, oferecendo auxílio financeiro aos feridos. Segundo uma das líderes, Luiza Mandetta, houve" pelo menos 105 feridos durante o confronto, 50 na Paulista e 55 na Consolação", incluindo jornalistas que cobriam o protesto. O MPL também oferecia "ajuda jurídica" aos feridos que quisessem processar o Estado. A Polícia Militar informou que 12 policiais ficaram feridos na manifestação, mas não passou o estado de saúde deles.


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Assista ao vídeo:

Quatro protesto


O quarto dia de manifestações contra o aumento da tarifa de transporte público na cidade de São Paulo terminou como os três anteriores, muito trânsito, depredações, atos de vandalismo, confronto de manifestantes com a polícia militar, mais de 200 detidos e mais de cem feridos.

O ato teve início por volta das 17h, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, no centro da cidade. De acordo com a Polícia Militar cerca de cinco mil pessoas estavam reunidas na região. Temendo confrontos comerciantes localizados no entorno do teatro resolveram fechar as lojas mais cedo.

A manifestação seguia tranquila, por volta das 18h, quando os manifestantes iniciaram uma passeata pelo centro da cidade pedindo a revogação do aumento da tarifa do transporte público. No cruzamento das avenidas Ipiranga e São Luis começou o primeiro sinal de tensão. A marcha atrapalhou a movimentação de um ônibus que foi pichado. Foram minutos de pânico para os passageiros que ficaram mais de 20 minutos parados no cruzamento.

Os confrontos com a Polícia Militar tiveram início por volta das 19h, quando os manifestantes entraram na rua Maria Antonia para subir em direção à rua da Consolação, com destino à avenida Paulista. Lá havia um bloqueio da Polícia Militar. Os policiais, alguns da tropa de choque, foram cercados pela multidão e acabaram disparando balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Esse era o estopim para que o ato se transformasse em uma guerra de manifestantes contra policiais. A Polícia Militar não conseguiu impedir que os manifestantes chegassem à avenida Paulista. O que se via pelas ruas era um rastro de pichações e vandalismo. Diversas lixeiras foram destruídas, algumasdelas foram usadas como escudo pelos manifestantes, que também atiravam pedras contra os PMs. 

O trânsito na região ficou caótico. Segundo a CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), às 19h desta quinta-feira (14), a cidade registrava 177 km de lentidão.

Os confrontos terminaram por volta das 23h desta quinta-feira. Ao todo cerca de 242 pessoas foram detidas pela polícia militar. Destas 202 foram encaminhadas ao 78º Distrito Policial, dos Jardins. Todas elas foram liberadas e apenas quatro tiveram que assinar um termo circunstanciado, três por porte de drogas (carregavam trouxinhas de maconha) e uma por resistência a prisão. Outras 37 foram encaminhadas para o 1º Distrito Policial, da Liberdade. Destes, quatro foram autuados por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano qualificado ao patrimônio público. O crime foi interpretado pelo delegado como inafiançável e, por isso, os quatro foram encaminhados ao 2º Distrito Policial, onde estão a disposição da justiça.

Diversos materiais que estavam em poder dos manifestantes foram apreendidos, entre eles, latas de aerosol (que podem ser usadas como lança chamas), facas, estiletes, tesouras, correntes, garrafas de álcool, um tambor, um megafone (usado para incitar a violência), latas de spray, alicates, toucas ninja e até uma machadinha.

Apesar dos quatro protestos violentos, do caos no trânsito, das inúmeras depredações e do medo da população, o Governo do Estado e a Prefeitura da cidade de São Paulo ainda estão irredutíveis com a possibilidade de revogação ou suspensão do aumento das tarifas do transporte público.

Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (13), o prefeito Fernando Haddad reiterou que o reajuste da tarifa de ônibus de São Paulo não será revisto.

— Vou repetir para deixar claro: não pretendo, porque o esforço que foi feito ao longo do ano para que o reajuste da tarifa fosse muito abaixo da inflação foi enorme. E ele (aumento) vai significar investir mais de R$ 600 milhões em subsídios.

O governador Geraldo Alckmin disse que "o movimento é politico, pequeno, mas muito violento". Ele também não cogita a redução de tarifas.

Como Governo e prefeitura ainda não pretendem reduzir o valor das tarifas, o Movimento Passe Livre, por meio de uma rede social, já marcou o quinto protesto para a próxima segunda-feira (17), no largo da Batata, região de Pinheiros, zona oeste da capital. 

Movimento Passe Livre

Os quatro protestos que pararam São Paulo, nos últimos dias, são organizados pelo Movimento Passe Livre. O MPL tem como principal bandeira a mudança do sistema de transporte das cidades da iniciativa privada para um modelo público, "garantindo o acesso universal através do passe livre para todas as camadas da população". O movimento calcula que 37 milhões de brasileiros deixam de se utilizar do transporte público por não poder arcar com o custo das passagens.

Na prática, o MPL quer que o transporte público seja gratuito. Portanto, a briga não é somente contra o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte coletivo em São Paulo — de R$ 3,00 para R$ 3,20. Sua carta de princípios diz que “o MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos jovens e trabalhadores pela expropriação do transporte coletivo, retirando-o da iniciativa privada, sem indenização, colocando-o sob o controle dos trabalhadores e da população”.

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