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Mortes por obesidade triplicam no Brasil em 10 anos

Levantamento inédito mostra que houve aumento de 196% entre 2001 e 2011

Saúde|

Em março, pessoas obesas fizeram filas para conseguir cirurgia bariátrica pela Unicamp
Em março, pessoas obesas fizeram filas para conseguir cirurgia bariátrica pela Unicamp Em março, pessoas obesas fizeram filas para conseguir cirurgia bariátrica pela Unicamp

O número de brasileiros mortos por complicações diretamente relacionadas à obesidade triplicou em um período de dez anos no País, revela levantamento inédito feito pelo Estadão Dados com base em informações do Datasus. Em 2001, 808 óbitos tiveram a doença como uma das causas. Em 2011, último dado disponível, o número passou para 2.390, crescimento de 196%.

O aumento também foi significativo quando considerada a taxa de mortos por 1 milhão de habitantes. No mesmo período de dez anos, a taxa dobrou. Foi de 5,4 para 11,9, segundo dados do Ministério da Saúde.

Os dados levam em consideração as mortes nas quais a obesidade aparece como uma das causas no atestado de óbito. Segundo especialistas, como o excesso de peso é fator de risco para diversos tipos de doenças, como câncer e diabete, o número de vítimas indiretas da obesidade é ainda maior.

O endocrinologista Mario Carra, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

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— As causas mais comuns de morte relacionadas à obesidade são as doenças cardiovasculares, como o enfarte e o acidente vascular cerebral (AVC). Sabemos, porém, que ela também está relacionada a muitos outros problemas, como apneia do sono, insuficiência renal e vários tipos de câncer.

Governo quer prevenir obesidade em escolas

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Segundo o Ministério da Saúde, o aumento das mortes é um reflexo da "epidemia de obesidade" registrada hoje no País.

O secretário de Atenção à Saúde do ministério, Helvécio Magalhães, disse que outros países viveram isso primeiro, com alto consumo de alimentos industrializados e sedentarismo.

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— O Brasil, ainda que mais tarde, está vivendo agora. Pesquisas feitas anualmente pelo ministério mostram que a obesidade e o sobrepeso têm aumentado muito.

O último levantamento da pasta mostrou que mais da metade dos adultos brasileiros tem sobrepeso e pelo menos 17% da população está obesa.

Fila para cirurgia de redução de estômago reúne mais de 1.000 em Campinas (SP)

Há dois meses, o aposentado Angelino Pires de Moraes, de 86 anos, tornou-se mais uma vítima do excesso de peso. Com 100 kg e pouco menos de 1,80 de altura, ele sofreu um enfarte dentro de casa e morreu na hora.

O barbeiro Sérgio Buscarino de Moraes, de 50 anos, filho do aposentado tinha colesterol alto e hipertensão, afirmou que o médico já tinha avisado que o coração estava obstruído por gordura, mas ele não mudava a alimentação.

— Meu pai era teimoso e piorou depois que a minha mãe morreu, há cinco meses. Ficou deprimido e passou a cuidar menos da saúde.

Medidas

Para especialistas, não é só a mudança de hábitos dos brasileiros que aumentou a mortalidade por obesidade. De acordo com Marcio Mancini, chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo, as políticas públicas de prevenção e tratamento devem ser aprimoradas.

— Não se faz prevenção em unidades básicas de saúde. Há o tratamento para diabetes, colesterol, hipertensão, mas pouco se faz para barrar o ganho de peso. Essa mesma preocupação deveria existir nas escolas.

De acordo com o especialista, quanto mais cedo se instala a obesidade, mais cedo a pessoa pode morrer.

— Se uma pessoa já tem obesidade mórbida com 20 anos e permanece assim, a doença vai encurtar a vida desse paciente em 12 anos.

Para Maria Tereza Zanella, endocrinologista da Unifesp, é preciso mudar os hábitos desde a infância.

— As crianças vivem em apartamento, jogam videogame e comem produtos industrializados. São alimentos que têm um sabor agradável e as crianças vão se acostumando, mas isso deve ser evitado.

Além da prevenção falha, os médicos apontam estrutura insuficiente para o tratamento da obesidade.

— O SUS não oferece o tratamento medicamentoso, e os centros de referência para cirurgia bariátrica não dão conta da demanda.

Em março, pelo menos 3.000 obesos de várias regiões do Brasil lotaram o ginásio da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para passar por triagem em busca de cirurgia bariátrica. A fila de espera tem 2.000 pessoas.

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